domingo, 9 de novembro de 2014
Um contrato.
Minhas várias
paixões momentâneas. Meus motivos necessários de inspiração. Feito combustível
para a minha criatividade. Desculpa se os enganei, muitas vezes também fui
enganada. Ou melhor, não houve má fé, foi um contrato. Talvez você não tenha
ficado ciente que era autor, mas consentiu com todos os efeitos previstos. Então
não houve quebra contratual, nem obrigação de ressarcimento. Ambos ganharam,
meu caro. Só que na hora da perda talvez você tenha sofrido mais danos do que
eu. Normal, acontece, estava previsto. Deixei sublinhado e em negrito a tal
cláusula. Ninguém nunca o ensinou a ler um contrato antes de
assinar?
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Momento "up"
O cenário estava conforme o
esperado. Tanto tempo esperando esse contexto. Nós dois sentados num banco,
sozinhos. Sem timidez, sem mágoas. Momento perfeito para o despejo. Despejo do
que estava acumulado na garganta, o que remexia no estômago como uma boa e
velha ressaca de sábado à noite. Com todas as palavras já pensadas e
repensadas, estava preste a indaga-lo sobre o que ele queria, afinal, comigo. Era
tudo ou nada. E nada mesmo.
E ali estávamos a sós em diálogos
cordiais, até que em um momento o silêncio pairou... Era o momento da
indagação. Ele nem desconfiava de minha ambição, e nem percebeu o contexto metricamente
planejado. E aí olhei bem para ele, que se encontrava distraído em pensamentos
alheios, repassei em segundos as falas, e de repente... Eis o momento “up”! Foi
quando eu realmente “caí na real”, feito um piscar de olhos, percebi o quão dúbio
era o que estava preste a cometer. Eu pronta para indaga-lo de seus sentimentos
e ambições, a adentrar num território desconhecido e complexo demais. Mas como
eu seria pretensiosa por querer coloca-lo na parede e intimidá-lo a me dar uma
resposta curta e grossa, sem rodeios.
Naquele momento, por segundos, a questão
havia sido invertida, ou seja, não era mais uma questão de saber se ele gosta
ou não de mim, agora era uma questão de, será que eu gosto mesmo dele? Ou
melhor, será que vale a pena? E olhando para ele a resposta da segunda pergunta
foi “não”. Por breves segundos tudo veio
à tona, eu tinha chegado ao meu limite emocional. O meu desconforto não era mais
a suspeita de ouvir um “não” dele, mas me fez temer pelo “sim” (afirmação de que
gosta e pretende algo sério), pois eu não quero alguém tão confuso, ambíguo e
sem atitude. O que ele tem a me oferecer do seu dia, do seu tempo e de seu sentimento
é pouco demais.
É que essa história já deu o que
tinha que dar, e não quero mais insistir. Nem esperar pelo o que não existe. Há
tanta vida lá fora, não posso me prender a uma terra infértil. E naquele
momento “up” tirei uma boa lição, bem diferente do planejado. E me senti mais
segura, mais convicta, pronta para seguir adiante.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Branco Gelo
Essa história tão em branco cheio de suposições.
Esse branco, tão branco que virou gelo. Petrifica qualquer indício de
aproximação. Nos mantém em alerta, cada um retendo seu passo, com medo de ser o
apressado dessa história. Mas quem comanda o lápis? Qual a mão que o induz em
folha? Parece que ambos brigam pela borracha. E feito dois medrosos nos
afastamos do amor. O mantemos naquela velha caixa de recordações e de desejos,
revelados por vezes quando nos entreolhamos. Mas ninguém quer dar um passo adiante,
ambos carregando seus traumas e orgulho ferido. Eu já não confio. Ele não sabe
quem realmente sou. Mas por que é tão
difícil abrir mão disso tudo? Fazer como todos me aconselham: parte pra outro,
você pode ter melhores. Parece que ninguém o enxerga como eu. Ou melhor, parece
que só eu vejo seu outro lado, seu outro ser, o mais sereno. Mas só quando
estamos nós dois. Sem más recordações, sem rostos conhecidos, sem qualquer
distância entre eu e ele. Quando já não há o medo de ser feliz.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
O amor é espontâneo
A verdade é a seguinte: o amor é
espontâneo. Você não precisa se esforçar para manter um diálogo. Nem procurar
milhares de justificativas para as desculpas esfarrapadas do outro. Nem passar
horas do dia planejando o que fará para chamar sua atenção.
Não estou dizendo que o amor vai
bater na sua porta, com o café da manhã em bandeja e um bilhetinho de “eu te
amo”. É claro que não. Mas o simples fato de você se esforçar unilateralmente
ao ponto de mendigar afeto do outro, mostra que este não está tão afim de você.
Por que quando se gosta, a vontade de ficar juntos é maior. É como um cálculo,
baseando-me nas ideias do sociólogo Cláudio Souto: S + I = V
S = Sentimentos; I = Ideias; e V
= Vontade.
Ou seja, resumidamente, quanto
mais ideias em comum, mais sentimentos são gerados, maior é a vontade de ficar
próximo dessa pessoa. Eis a fórmula do amor, mais simples do que imaginavam.
Revelada a fórmula, saiba que,
quando ele gosta de você, ele aparece, dá atenção, de forma espontânea. Não
procure desculpas do tipo, “ele é ocupado demais”, quando gosta, procura um
intervalo de tempo para se fazer presente, nem que seja um SMS. “Ah, mas ele
pode ser inseguro”, querida, quando gosta, mesmo que seja de forma sutil, o
homem demonstra. O problema está quando o esforço é unilateral, é sempre você
quem procura. Ou quando ele te procura há cada seis meses.
Encare as coisas como são. Não
estou dizendo para você ser machista e esperar todas as atitudes do homem,
longe disso. O que eu digo também vale para os homens, pois se a mulher gostar dele,
ela dará espaço para que este se aproxime, e vice-versa. A única diferença é
que as mulheres quando não querem nada, tendem a deixar isso mais explícito,
enquanto que os homens transformam suas “ficantes sem expectativas de evoluir”
como “amigas”, ele nunca descarta. Ele se afasta, mantém contato
periodicamente, e a deixa na reserva.
E é por isso que as mulheres
precisam ter cuidado, para não fazer parte do exercito de reserva, esperando para
que um dia aquele cara se dê conta que ela é a mulher da sua vida, como ocorre
nos filmes. Não! Isso não vai acontecer! Nenhuma pedra vai ser atirada na
cabeça dele e gerar um pane cerebral e você passar a ser, subitamente, a mulher
dos seus sonhos.
Como eu disse de início, o amor é
espontâneo. E mais do que isso, deve ser recíproco, mesmo que nunca ocorra na
mesma intensidade.
Ayllane Fulco
quinta-feira, 31 de julho de 2014
Adeus Otário
Hoje eu só queria sumir, entrar em estado nirvana, encher de ar os pulmões que me faltaram. Ou, de praxe,
chutar o pau da barraca e gritar até sangrar a garganta. Também queria te fazer
engolir sua hipocrisia, te pendurar numa cruz de cabeça para baixo, e
cantarolar de forma mais sarcástica “a-de-us-o-tá-rio”. Também queria jogar em
sua cara todas as verdades não ditas. Cuspir os beijos de fel. Arrancar sua
epiglote e fazer churrasquinho do seu coração, afinal, nunca funcionou muito
bem, assim como seu cérebro também não. E de proveito fritar seus olhos, acho
que sofrem de miopia, e nem farão falta, meu caro, já que só enxerga seu
próprio ego. Mas não se assuste, deixarei intacto seu carro. Boa noite.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Sorriso torto
Ele faz o azul ficar celeste,
faz do seu sorriso torto um motivo para o meu. Tem todas as explicações para o
mundo, da física ao copo de leite. E suas teorias? Alastra minha comodidade,
minha zona de conforto. Emana luz do que pensava ser treva. E faz da treva luz. Engenha diversas possibilidades,
num passe de cálculo e mágica. Ele me investiga na forma mais sutil, explora o
que há de forma mais amável. Busca-me em todos os lugares, palavras, cores e
sons. Tem as mais belas palavras na ponta da língua, em quatro idiomas. O meu
preferido é o finlandês. Tem todos os sons e sintonias, em semitons azuis. Faz
de mim um laço num abraço. Restitui a minha alma com toda a calma que me faltava.
E faz do dia, o mais vívido, e da noite a mais poética.
Ayllane Fulco.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Convite para se retirar
Tão jovem, mas já tão cansada. Tempo, tempo, tempo...
perdição de tempo. Amor em perdição. Tal como Camilo Castelo Branco, com menos romance. Sem nenhum romance. Apenas pela
perdição. Pela força da sonoridade. Motivo banal.
De
alguma forma, as pessoas estão sempre camufladas em suas inseguranças. Tempo que
se vai, que não volta. Tempo que permite as pessoas partirem de sua vida. Tão
abertamente, quase como um convite para se retirar, a porta já à vista, aberta,
ou melhor, escancarada. E você está ali em pé, segurando a porta para que não
feche, não permitindo ficar frente-a-frente com a outra pessoa, por medo ou
qualquer outro motivo. E deixa partir, ir embora. Apenas consentindo, talvez
motivando o ato pelo total silêncio e isolamento. E assim as pessoas vão
embora, quase que sem escolha própria. Convidadas a se retirar de mansinho.
Mesmo que sem a real vontade de ambas às partes.
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Lixos-humanos
De repente eu estava ali, frente a frente com um "lixo humano". Sim, lixo, cujos sinônimos: resto, sobra, sem utilidade. A única diferença é que este possui um coração no peito e um cérebro pensante. Fora isso, é tratado igualmente a qualquer outro objeto descartável, feito farinha do mesmo saco. Jogado e abandonado. Por mim, por você e pelo Estado. Vítima ou culpado? Essa é uma questão irrelevante. O fato é: é um ser humano.
Esquecemos isso todas as vezes que nos colocamos no lugar das pessoas que sofreram algum dano cometido por eles. Nesse momento, o que sentimos? Repúdio, nojo e sentimento de vingança. E mais uma vez caímos na tendência de vê-lo pelo crime que cometeram e não pela sua existência física. Aquele se transforma em "aquilo". Uma coisa, um criminoso. Perde-se a identificação de ser humano, ao ponto de muitos pensarem "como assim, desejam ter seus direitos humanos respeitados?", como se isso não lhe coubessem. Mas afinal, são humanos também, não?! Lembrando-se, mais uma vez, a questão não é de vitima ou culpado. São direitos básicos de existência, e que não é porque a sociedade é miserável, economicamente falando, que os presídios devem refletir uma situação pior, ou seja, ter uma aparência mais suja e precária do que a vida fora de cela. Até por que, como exemplo, os presídios europeus, diferentemente do que muitos pensam, por serem países desenvolvidos, de “primeiro mundo”, acreditam que a realidade carcerária é outra, mas a verdade é que sofrem dos mesmos descasos estatais, como a superlotação, falta de higienização, entre outros tantos problemas.
Tal exemplo e situação revelam que o abandono aos presidiários, ou melhor, aos lixos humanos e sua instituição, é geral. É aqui e é na China. Como também é na Europa. São seres excluídos da sociedade. Nascidos com oportunidades de vida mínimas, jogados em jaulas e negado uma segunda chance. É uma negação implícita, claro. Valendo observar que, jogar um lixo na rua, em qualquer lugar, dificilmente será reciclado, é mais fácil gerar outros novos entulhos, aglomerados. Por que lugar de reciclagem não é na rua, e sim em um lugar específico para tal, que neste caso, deveria ser nos presídios, através de uma educação integrada, mas infelizmente as penitenciárias viraram uma instituição com fins de vingança, de pagar o mal com o mal, um descaso Estatal e judiciário. Só que o efeito é danoso, os punidos enxergam o Poder Judiciário como uma justiça puramente seletiva e elitista, e desconta na sociedade o que passaram dentro das celas.
Nesse momento, ao ler as últimas linhas, muitos devem estar pensando em como seria bom mantê-los então isolados até o fim de suas vidas, ou mais radicalmente, como seria mais fácil uma pena de morte. Menos um bandido. Menos um lixo. Mas não vamos tirar o foco novamente do fato, tentaremos ver o outro lado da moeda, nos colocar dessa vez na pele de quem está sendo punido. Vejamos que, se a própria sociedade olha esses seres com desprezo e desconfiança, feito monstros preste a atacar qualquer um, como é que os mesmos serão motivados a se socializarem se a própria sociedade os exclui? É muito fácil querer que uma planta se desenvolva, o difícil é ela crescer sem as condições básicas de existência, como sol e água. Então, como exigir que sejam cidadãos se nós sociedade os tratamos como lixos e não lhes é dado nenhum suporte de desenvolvimento?
É preciso uma motivação externa, tanto pela sociedade quanto pelo Estado, para que esses indivíduos se recuperem, pois unicamente enjaulá-los não abstrai o problema, apenas o deixa mais complexo. Portanto, cabe uma reforma carcerária, mas antes disso, uma reforma na mente social, e simultaneamente, uma visão mais ampla e menos elitista frente aos seus "lixos-humanos".
- Ayllane Fulco.
Esquecemos isso todas as vezes que nos colocamos no lugar das pessoas que sofreram algum dano cometido por eles. Nesse momento, o que sentimos? Repúdio, nojo e sentimento de vingança. E mais uma vez caímos na tendência de vê-lo pelo crime que cometeram e não pela sua existência física. Aquele se transforma em "aquilo". Uma coisa, um criminoso. Perde-se a identificação de ser humano, ao ponto de muitos pensarem "como assim, desejam ter seus direitos humanos respeitados?", como se isso não lhe coubessem. Mas afinal, são humanos também, não?! Lembrando-se, mais uma vez, a questão não é de vitima ou culpado. São direitos básicos de existência, e que não é porque a sociedade é miserável, economicamente falando, que os presídios devem refletir uma situação pior, ou seja, ter uma aparência mais suja e precária do que a vida fora de cela. Até por que, como exemplo, os presídios europeus, diferentemente do que muitos pensam, por serem países desenvolvidos, de “primeiro mundo”, acreditam que a realidade carcerária é outra, mas a verdade é que sofrem dos mesmos descasos estatais, como a superlotação, falta de higienização, entre outros tantos problemas.
Tal exemplo e situação revelam que o abandono aos presidiários, ou melhor, aos lixos humanos e sua instituição, é geral. É aqui e é na China. Como também é na Europa. São seres excluídos da sociedade. Nascidos com oportunidades de vida mínimas, jogados em jaulas e negado uma segunda chance. É uma negação implícita, claro. Valendo observar que, jogar um lixo na rua, em qualquer lugar, dificilmente será reciclado, é mais fácil gerar outros novos entulhos, aglomerados. Por que lugar de reciclagem não é na rua, e sim em um lugar específico para tal, que neste caso, deveria ser nos presídios, através de uma educação integrada, mas infelizmente as penitenciárias viraram uma instituição com fins de vingança, de pagar o mal com o mal, um descaso Estatal e judiciário. Só que o efeito é danoso, os punidos enxergam o Poder Judiciário como uma justiça puramente seletiva e elitista, e desconta na sociedade o que passaram dentro das celas.
Nesse momento, ao ler as últimas linhas, muitos devem estar pensando em como seria bom mantê-los então isolados até o fim de suas vidas, ou mais radicalmente, como seria mais fácil uma pena de morte. Menos um bandido. Menos um lixo. Mas não vamos tirar o foco novamente do fato, tentaremos ver o outro lado da moeda, nos colocar dessa vez na pele de quem está sendo punido. Vejamos que, se a própria sociedade olha esses seres com desprezo e desconfiança, feito monstros preste a atacar qualquer um, como é que os mesmos serão motivados a se socializarem se a própria sociedade os exclui? É muito fácil querer que uma planta se desenvolva, o difícil é ela crescer sem as condições básicas de existência, como sol e água. Então, como exigir que sejam cidadãos se nós sociedade os tratamos como lixos e não lhes é dado nenhum suporte de desenvolvimento?
É preciso uma motivação externa, tanto pela sociedade quanto pelo Estado, para que esses indivíduos se recuperem, pois unicamente enjaulá-los não abstrai o problema, apenas o deixa mais complexo. Portanto, cabe uma reforma carcerária, mas antes disso, uma reforma na mente social, e simultaneamente, uma visão mais ampla e menos elitista frente aos seus "lixos-humanos".
- Ayllane Fulco.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Tem gente...
É, tem gente
que aparece de mansinho, se aloja em sua vida tão espontaneamente. Sem pressa
ou invasão. Sem intervalos ou desculpas. De repente está ali, ao seu lado,
prestes pra te acolher a qualquer momento. É, tem gente que te entende antes
mesmo de você se explicar. Que em um olhar consegue captar o seu pensamento.
Tem a sensibilidade de notar todos os sinais de oscilações de humor. Tem gente
que nem precisa de presença para se fazer essencial. E nem de distância para se
fazer falta. Tem gente que vem e fica. E quando fica, é para sempre.
Olhando por dentro
Tem gente que
está com você, mas seus olhos não dizem nada, são distantes e superficiais.
Talvez sejam até atraentes pelo mistério que os envolve, mas não passa disso.
Já outras pessoas, muitas vezes mesmo sem conhecê-las, parece que te olham por
dentro. Nos olhares que se cruzam, em que ambos têm a convicção de que o outro
está sentindo a mesma coisa, uma espécie de empatia um pelo outro. E só por
alguns segundos esporádicos, uma invasão interna. Sem palavras, sem gestos.
Apenas os olhos que conversam numa linguagem puramente particular.
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Superficialidade
Na verdade, eu sempre desejei que um alguém me notasse de fato. Não a minha roupa, minhas fotos, meu rosto, se sou bonita ou feia. Não, mas o meu íntimo. Mergulhar no que não está aparente, no que é profundo, intrínseco. Ter a sensibilidade de perceber o que se passa dentro de mim, naquele momento, sem que eu precise expor com todas as palavras. E que me passe segurança, pisar em terra firme, e não em areia movediça. É que eu sempre preferi ter meus pés sobre o chão. Sem tantos mistérios, sem tantas aparências. Manter a cara limpa, lavada e crua. Exposta e despida. Sem jogos de esconde-esconde. Sem segredos e sem surpresas desagradáveis. Não é que seja livre de defeitos, mas que não sinta a necessidade de esconde-los de mim. Eu não esconderei os meus, pode ter certeza. Esse alguém também precisa ser capaz de me ler em todos os sentidos, literal e figurado. Que simplesmente seja real, e não superficial. Pois no começo pode até ser atrativo, sem defeitos aparentes, nada que soe perturbador. Mas depois de um tempo, é entediante. Já não se sabe, com clareza, se é você que é intensa demais ou se o outro que é uma tábula rasa. E pior ainda, ter que tornar-se superficial também para poder dar certo. Pois quem é assim, não está acostumado a ter pessoas ao seu lado, apenas corpos vazios. Sem cérebro, sem coração, sem olhos... Sem qualquer coisa que remeta à vida.
- Ayllane Fulco
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Comunica-ação
A comunicação é uma terapia diária. Sociólogos
já afirmam que a falta dela leva à angustia e depressão, quando não a problemas
mais graves. A falta de denominar os sentimentos, de não saber se expressar,
fica nos sufocando, parece até faltar ar nos pulmões. Sentir algo e não saber descrever, é como ter vontade de comer algo e não saber o quê, nem é doce e
nem salgado. Não é frio e nem quente. É uma necessidade sem nome aparente. Está
ali nos cutucando e não sabemos sua localização, ora atinge a laringe, ora o
estômago, por vezes o coração. Já estamos engolindo as lagrimas que não
choramos. Desfazendo as palavras que não falamos. Corroendo ideias sem nexo e
coerência. Estamos naufragando em pleno chão. Comunica-ação, frustração, falta
de ação. Engolindo a seco o que não chegou nem a língua.
Matinal
Acordei
com a cara limpa, cabelos bagunçados, com a cor de pele mais branca que folha
de papel. No entanto estava ali, mais pura, mais entregue ao natural. Parece
que a alma se expande com os primeiros raios de sol. Tudo é sereno e vívido.
Tudo é real com toque de idealização. É um momento em que a paz invade um
pequeno quarto, vindo pelas brechas da cortina... Quanto vale esse momento
matinal? Aparentemente sem valor nenhum, passa por despercebido, ou melhor, nossas dificuldades diárias sendo
processadas em nossa mente, antes mesmo de abrir os olhos, já nos impede de ver
a tamanha beleza da simplicidade natural. Apenas queremos fechar os olhos e
abrir com a maior lentidão possível para que os mesmos não sofram com o clarão
do dia. Pobres seres humanos, não sabemos contemplar a luz.
sábado, 5 de abril de 2014
Loucura
Hoje a loucura surrou a porta da minha sanidade. Entrou feito
um vendaval, tirando tudo do lugar. Cada palavra, medida, forma... tudo que
estava em perfeita métrica. Agora, fora de eixo. De contexto. De pernas pro ar.
Toda roupa suja sendo lavada em público,
exposta no varal, secando ao ar livre. A paciência escorreu pelo ralo da pia. O
tapete foi removido do lugar, sujeira pra tudo que é lado. A boca feito arma, tiro saindo pela
culatra. Palavras pesadas de chumbo. Atingindo ambos. Peito sangrando em carne
viva. Pupilas dilatadas. Mãos frias. Um coração em arritmia. O diagnóstico foi dado: loucura generalizada.
-Ayllane Fulco
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Declaração
A verdade é
que já tentei de todas as formas deixar tudo para lá, no canto, quieto. Tentei não
enxerga-lo quando passava pelo corredor. Tentei não procura-lo com os meus
olhos. Tentei pagar com a mesma moeda, com o silêncio. Eu quase consegui. Quase
fui até o final. Tudo para me sair por cima. Mas chegando quase ao fim, percebi
que não valeria a pena essa ambição egocêntrica protetora. É que, por mais
idiota que eu esteja sendo, não consegui esquecê-lo, nem ignorar por muito
tempo. Como você mesmo me descreveu, eu sou verdadeira com os meus sentimentos,
e por todo esse tempo, contraditoriamente, eu fui covarde com eles. Quando meu
ego ficou ferido eu simplesmente quis desistir. Um passo para trás, uma
história sem começo e nem fim. Folha quase em branco, apenas rascunhos. Apenas
maus entendidos e duas pessoas sem graça.
E agora o meu
maior risco é que não sei o que você sente, se já está em outra ou se nunca
esteve aqui. É de me declarar pela primeira vez de forma tão direta a um
destinatário. Sem meios intermediários ou indiretas... Mas questão é clara, dessa vez eu estou
falando primeiramente por mim, por que eu preciso expor, independente do que
vou ouvir como resposta (ou pior ainda, correndo o risco do seu silêncio
ensurdecedor), que eu sinto sua falta, do seu “bom dia” e “boa noite”, do seu
jeito extremista entre homem e menino, do seu sotaque engraçado, da sua tentativa
de me ensinar a dançar, das nossas mãos unidas, dos seus olhos castanho-claro,
de vê-lo com o rosto corado de timidez, de senti-lo próximo a mim.
Ok, talvez eu
esteja idealizando muitas coisas miúdas, talvez até inexistentes, vivas apenas
em minha cabeça oca. Só que eu preciso seguir meus próprios conselhos de
liberdade interna. E por fim, e não menos importante, preciso pedir desculpas
pelo meu auê, eu sinceramente não queria magoar você.
sexta-feira, 28 de março de 2014
Peso morto
“Qual é o limite? O limite da
liberdade do outro?” depois de pensar nessas perguntas me veio em mente que o
limite não está necessariamente no outro, mas em si mesmo. E então me veio a
segunda pergunta, dessa vez mais coerente, “qual é o meu limite?”, ou seja, até onde eu suporto a liberdade do outro, até onde esta não pode me atingir? Essa é a indagação
que me faço sempre que me aborreço, quando alguém faz algo de contra aos meus
princípios. Por que eu sei que não posso e nem devo regular e nem muito menos limitar a vida do outro, o que
na verdade isso nunca foi minha pretensão.
Então, qual o meu limite de transigência?
Até que ponto uma ação não vai me incomodar e não passar a ser um peso (fardo)?
E se for um peso, vale a pena carregar aos ombros? Essas foram as perguntas que
fiz a um amigo, que possui sempre as melhores observações sobre a vida. E ele
me respondeu, mais ou menos, assim:
- Há pessoas e pessoas, quando
uma dessas é graciosa, o peso torna-se mais leve, mais fácil de carregar.
- Então essa pessoa precisa
também cooperar para se tornar mais leve?
- Sim, exatamente. Lembrando-se
que a vida é muito curta para perder tempo “suportando” alguém. E
paradoxalmente falando, a estrada é longa demais para carregar aos ombros um “peso
morto”.
(Ayllane Fulco)
Bobo da corte
Disseram-me tantas coisas. Adjetivaram-me, expuseram suas opiniões
de mim. Até não restar nada de quem eu achava que eu era. De repente, estava
despida. Sem nome, sem identidade, forma, contexto... Apenas exposta a
argumentos baratos. Fizeram-me acreditar que eu era uma mentira. Atiraram-me no
meio do circo. Agora já vestida com as roupas que me impuseram. De repente eu
já estava ali, dessa vez com um nome, identidade, forma e contexto, literalmente
fantasiado de bobo da corte. Eu já não era quem eu achava ser, eu era de acordo
como me viam. Mais uma vez entregue a uma mentira, dessa vez criada por outros.
quarta-feira, 26 de março de 2014
Transcriptase Reversa
Ele estava entupido de ego. Orgulho ferido. Prestes a se
corroer internamente. Cada pedaço de lembrança amarga, um impulso desastroso.
Queria me provocar mais raiva, que eu perdesse a cabeça. Foi direto em meu
suposto ponto fraco. Sim, suposto. Pensando que ciúmes era um dos meus adjetivos.
Não que eu não sentisse. Mas não era o meu ponto fraco, não mesmo.
Impulsivamente, seu ego o transformava em estúpido e
imaturo. Covarde, é o que todos concordavam. Ele estava disposto a me
enfrentar, só que de forma indireta. Com ironias e desaforos. Pessoalmente
fingia que não se importava com nada. Mas eu sabia que era mentira. E sabe o
pior de tudo? Quer dizer, pior para ele e melhor para mim, é perceber que aquilo
me provocava raiva, hoje me faz rir. Rir de seu descontrole, da sua forma de
querer chamar minha atenção, a qualquer custo, nem que pra isso recorra a
repetir os atos do motivo de nosso estranhamento.
Ele quis se sair como “aquele que não corre atrás” e me
fazer parecer “a neurótica”. Mas ambos sabemos a verdade. Ele se saiu como o infantil
orgulhoso, e eu como a indiferente.
Lista Incompleta...
Preciso colocar em minha cabeça que:
1-
Quem ama cuida.
2-
Quem tem interesse, corre atrás.
3-
Manter um relacionamento saudável é preciso
saber se autoanalisar primeiro.
4-
Não procure desculpas para o que é óbvio, o que já
está estampado na cara, como forma de não querer enxergar.
5-
Homens inseguros são covardes.
6-
Nunca ame mais alguém do que se é amada pelo
mesmo.
7-
Não busque o que não é recíproco.
8-
Jamais mendigue atenção.
9-
No entanto, também seja compreensiva. Saiba
ouvir.
10-
Goste de alguém que sinta prazer em conversar
contigo. E que a conversa não seja entediante. Que flua espontaneamente, como
se já se conhecem há anos.
11-
Quem espera, cansa. E o cansaço também pode ser
libertador.
12-
Jamais se sinta satisfeita com um amor menor do
que mereça.
13-
Cuidado com as pessoas que não perguntam sobre
como foi seu dia, talvez elas não estejam interessadas em sua vida.
14-
Não insista em um erro.
15-
Não deixe que seu ego seja maior do que você.
16-
Mas não perca seu amor-próprio. O que não significa
ser prepotente.
17-
Não deixe e nem envolva diretamente os outros em
seus assuntos pessoais.
18-
Saiba dizer “não” para o que te incomoda.
19-
Também se arrisque, permita-se.
20-
Quem pensa muito se esquece de viver. Por isso,
não se lastime tanto.
21-
Antes de reclamar por coisas irrelevantes,
agradecer a Deus por tudo o que possui.
22-
Nem todos conseguem reconhecer pérolas.
23-
As pessoas são imprevisíveis, jamais
subestimá-las.
24-
Confie desconfiando.
25-
Não aceite um erro com a velha desculpa de que “ele
é homem...”.
26-
Homem também precisa ter caráter.
27-
Não busque no outro o que falta em você.
28-
Já nascemos completos, mas nos deixamos se
perder pelo caminho. Se reconstrua.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Zíbia Gasparetto
Viver uma verdadeira experiência amorosa é um dos maiores prazeres da vida. Gostar é sentir com a alma, mas expressar os sentimentos depende das idéias de cada um. Condicionamos o amor às nossas necessidades neuróticas e acabamos com ele. Vivemos uma vida tentando fazer com que os outros se responsabilizem pelas nossas necessidades enquanto nós nos abandonamos irresponsavelmente.
Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles. Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos. A insatisfação, o vazio interior se transformam na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão.
Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida Um Amor de Verdade
Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles. Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos. A insatisfação, o vazio interior se transformam na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão.
Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida Um Amor de Verdade
quinta-feira, 6 de março de 2014
Faça acontecer!
A questão é simples: Achamos
sempre que ainda não estamos prontos. O tempo todo nos questionamos, e
questionamos nossas capacidades. Por fim, esperamos por um outro amanhã, quando
estivermos mais estabilizados, mais maduros, mais amados... Diferente de como
estamos agora. Só que o problema todo não se passa por fora de nós, e sim por dentro.
Em um conflito psicológico, em que nossas inseguranças estão sempre nos puxando
para trás, dizendo em nossa mente que não estamos prontos para viver. Talvez
por medo de sofrer algum dano, principalmente o emocional. E ficamos ali,
esperando por algo que nunca chega. O sofá vai nos afundando cada vez mais. E
em todo esse tempo, enquanto buscamos por uma tal mudança para se chegar à autoconfiança,
dentro de nós nada muda, tudo fica intacto, e sabe porquê? Por que não nos
permitimos viver, mudar, se transformar. Ainda estamos esperando por alguma mudança
externa. Como por um amor que bata à porta. Qualquer coisa que não precise do
nosso esforço. Que simplesmente surja e que tenhamos a convicção que estamos
prontos para enfrentar o mundo. Mas não é assim que a coisa funciona. Nesse tal
espaço que nós vivemos chamado de mundo, é preciso se levantar do sofá primeiro,
lavar o rosto, empurrar a maçaneta da porta e finalmente viver! Sem esperar por
um impacto externo para que finalmente se possa mudar o interno. A regra simplesmente
é inversa. A mudança primeiro surge de dentro para fora, e para que isso ocorra,
requer um esforço de sua parte, como deixar de se questionar tanto, ou melhor,
deixar de pensar tanto, de se martirizar tanto e de achar que nada vai dar
certo. Pois quem pensa muito se esquece de viver. Portanto, viva! Reaja! E
deixe de ficar sentado pensando no que poderia ser. Faça acontecer!
- Ayllane Fulco
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
Aprendizado do dia
Engraçado como passamos tanto
tempo do nosso dia esperando receber afeto de quem não nos dá. Mendigando
atenção de uns, distribuindo “bom dia” por aí sem recebê-lo de volta. O mais
engraçado de tudo isso é quando chega uma mensagem inesperada vindo de alguém
inesperado, que nos toma de surpresa. É quando estamos tão agoniados,
mergulhados numa tamanha carência ou no estresse do dia-a-dia, e quando de repente, ao acessar a sua caixa de e-mail, surge um “eu te amo”, de um amigo
que há tempos não se falam. Nesse exato momento parece que tudo passa a fazer
sentido e você se dá conta de como é especial para algumas pessoas. E aí,
aquela sensação de crise existencial se evapora. Mais uma vez você reaprende
que quem gosta de você, valoriza. E que mendigar a atenção de alguém já é a
prova de que não lhe merece. Percebendo que os que a amam, mesmo com o
passar dos dias, meses ou até anos, permanecem ali, vibrando com as suas conquistas, admirando-a e
até mesmo orando por você, enquanto que as pessoas momentâneas que passam por
nossas vidas, como já foi dito, são momentâneas. Por isso, não vale a pena se
lastimar por aquilo que vai passar, pelo o que é efêmero. E por fim, vale levar como aprendizado, que é preciso distribuir “eu
te amo” aos que sempre estiveram com você, aos que fazem de sua presença algo
essencial e de sua ausência uma falta. Aos que lhe acolhem com um sorriso no
rosto. Aos que lhe procuram nos momentos de angústia. Aos que você procura
nesses mesmos momentos. E aos que você não precisa se esforçar para manter uma conversa,
ela simplesmente flui naturalmente.
- Ayllane Fulco.
- Ayllane Fulco.
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Anomalia
Não estou chorando por você. E nem uma abelha me picou. Não
é a reação da gripe. E nem uma alergia. Um cisco não entrou em meus olhos.
Também não cortei nenhuma cebola. Não usei colírio. E nem cocei os olhos... É
que esses olhos insistem em chorar. Alguém consegue entender isso? Já fui ao
oftalmologista, ele disse que não havia nada de errado e me encaminhou pra um
psicólogo, pensando ele ser coisa da minha cabeça. Falei de tudo. O psicólogo me revirou e desvirou, quase me
expôs ao tratamento de choque, e meus olhos continuaram úmidos e inchados. E mais
uma vez não encontrou nada de anormal. Levaram-me até para a igreja, para o
pastor me analisar, pensando ser coisa espiritual. Orações demasiadas, e os
olhos permaneciam escorrendo, talvez até mais do que das outras vezes. E
ninguém nunca soube explicar essa anomalia. Eu continuo com os olhos molhados.
Já enchi baldes e mais baldes. Já ensopei todos os meus travesseiros. Já enchi
até o mar com as minhas lágrimas. Já quase me afoguei nelas. E agora, eu já não
procuro mais a sua cura. Apenas sinto cada gota sair de dentro de mim, como se
me rasgasse e me alagasse por inteiro. De corpo e alma. Molhando-me de fio a
fio de cabelo. De extremidade a extremidade.
- Ayllane Fulco
Demonstração de amor
Quando se sabe que é amada? Quando se sabe que lhe querem o
bem? Se não houver demonstração, nunca saberemos. Um gesto, mesmo que tímido,
mesmo que de longe. Um sinal, uma pista, qualquer coisa! E não, não me venha
com oscilações, é muito chato quando se demonstra interesse e depois coloca o
corpo fora. Talvez para fazer charminho, sabe-se lá. A questão é: todos nós
precisamos de demonstrações de afeto. Simples. Não importa a forma, o meio, o
momento. Nós precisamos saber que somos amados. Não adianta alguém amar e ficar
calado, como se o sentimento por si só bastasse. É preciso demonstrar, nem que
seja de relance, sem jeito, sem música, sem valsa, sem bombons e sem serenatas.
Ou com tudo isso. Que seja piegas... Ou discreto! Mas que seja! Que eu veja! E sinta...
Por que eu preciso saber, ora!
- Ayllane Fulco
Mario Calfat Neto
Se eu posso te dar um conselho, eis aqui: Não mendigue atenção de quem quer que seja. Não se esforce para compartilhar minutos com quem está mais interessado em coisas que não te incluem. Não prolongue a conversa apenas para ter o outro por perto, quando você perceber que precisa se esforçar bastante para que o monólogo vire um diálogo. Esqueça. Prefira a sua solidão genuína à pseudo presença de qualquer pessoa. Ainda digo mais: Perceba que existem pessoas que curtem dividir a atenção contigo sem que você precise desprender esforço algum. Aproveite o que te dão de livre e espontânea vontade. Dispense o que te dão por força do hábito ou por conveniência. Esqueça o que não querem te dar. Cada um dá o que pode.
Mario Calfat Neto
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
O que odeio em você
Não, não preciso de você. Não
preciso dos seus olhos castanho-claros. Nem do seu sorriso bobo. Nem muito
menos da sua fala arrastada, e nem do seu sotaque engraçado. E sabe de uma
coisa? Eu detesto o tempo que te espero. Detesto sua falta de atenção. Seus
dias ocupados. Os minutos que se passam até ler sua resposta curta. E mais
ainda, detesto sua indecisão. O medo que sente de mim, de chegar e falar o que
se quer e espera. Dizem que isso é de Gêmeos, mas não me importa mais o seu
signo e nem o que os astros dizem de você! Eu agora é que quero falar e expor
por mais uma vez o que eu odeio em você. Odeio a forma que me deixa vulnerável,
quando eu prometi a mim mesma que jamais seria assim, uma “mulherzinha
apaixonada”. Odeio sentir que falta um pedaço meu por aí, e ter a convicção de
que sou incompleta. Odeio todas as vezes em que supões que sou frágil demais,
intensa demais, sentimental demais. Ah, e também odeio seus erros de português!
Isso deixa meus nervos à flor da pele. E sem falar do seu sono incontrolável,
tendo que se despedir de mim tão rapidamente. Das suas faltas de explicações,
de ter que ouvir um “desculpa” mais chulo. Odeio quando depois que reclamo de
tudo isso, sei exatamente o que passa em sua cabeça “as mulheres são sentimentais
demais” ou pior “ela deve estar na TPM”. Por que é que você, como todos os
homens, ignoram tudo o que dizemos, principalmente a parte do “a culpa é sua”,
e feito chá de sumiço cerebral, nós é que passamos a ser as chatas, sensíveis,
descontroladas por “razão nenhuma”?! Ora, ora... E por fim, sabe o que é pior
de tudo isso?! Ter que admitir a mim mesma que me importo com você. Até mais do
que eu queria.
- Ayllane Fulco
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Verdadeiro
Semana
passada ouvi uma frase muito interessante do Padre Fábio de Melo, a qual dizia
uma verdade quando afirmava que é muito fácil amar alguém que nós admiramos, o
difícil é amar quando essa mesma não corresponde à nossa expectativa, e que só
se pode dizer que a ama, quando antes de dizer “eu te amo”, foi capaz de dizer “eu
te perdôo”. Esse é o verdadeiro amor.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Vazio
Tão cheia de espaço e de abraço. Em um lugar habitual,
familiar, com conhecidos. Mas o espaço continua em aberto, um vazio que fica no
estômago, talvez. Não, não é a fome. Está escancarado para quem quiser olhar,
feito difundo numa sala de anatomia. Sentindo-me ser analisado de perto, como
se estudassem o meu cadáver. Viram e me desviram, colocam-me até de cabeça para
baixo, mas de nenhuma forma o vazio se esconde. Colocam até uma bata branca
sobre ele, mas ele continua ali, só que dessa vez não escancarado como antes.
Mas continua, entende?
E todos fingem que não o notam mais, talvez para fazer
com que eu mesma esqueça-se dele. Às vezes dá certo, mas depois que toco em
minha barriga, ele continua ali, parece até que vai se expandir, sair pela
garganta feito um vômito. Sinto, por vezes, o gosto da saliva misturada com seu conteúdo amargo, reluto contra a ânsia.
Quando já não aguento mais, o vazio revira minhas tripas,
soca meu estômago, e impulsivamente o expulso de dentro de mim. Como estou
fazendo agora com essas palavras. Mas uma verdade é: todo vômito traz consigo o alívio.
domingo, 2 de fevereiro de 2014
O grande troféu
Ela estava ali, frente a frente com ele. Ambos mal se
conheciam. Poderia até dizer que eram apenas corpos vazios naquele momento. Ele
estava ali disposto a ganhar mais um troféu para a sua coleção, mais uma
escultura de fundo vazio. Ela só queria ser amada, será que era tão difícil
assim de entender? Mas ele só poderia lhe oferecer o momentâneo. A grande
questão é: será que ele não via uma pessoa em sua frente? Será que ele não sabia
que ela tinha um coração que pulsava? Será que ele tinha noção dos planos
arquitetados perfeitamente naquela criatura que parecia tão frágil? E de um
terço dos seus talentos? De como ela era incrível?
Talvez a ambição de conseguir o prêmio fosse tão estúpida ao
ponto de esquecer que o troféu tinha vida própria. E nessa corrida, ele deixou
de conhecer a grande mulher que estava em sua frente, aquela que poderia dar um
sentido a toda a sua existência. Mas ele preferiu deixar todas essas suposições de
lado, e com muito orgulho, ergueu o troféu de maior babaca de todos os tempos.
Esse foi o final da história.
- Ayllane Fulco
sábado, 1 de fevereiro de 2014
A última romântica
- Meu amor, sabe que o
problema não é consigo. Sabe que esse mundo é tão sujo, tão imundo para seus amores.
Sabe muito bem que seus sonhos são lindos demais para a realidade insana. E por
maior que seja de minha vontade protegê-la, sabe que não posso. E tudo o que eu
mais queria nessa vida era mudar o mundo por você. Mas isso você também sabe
que não posso fazer. E perante toda essa minha ineficácia, minha paralisia
perante minhas vontades, tudo o que posso desejar-lhe é sorte, meu amor. Sorte
para que encontre alguém capaz de amá-la de uma forma pura e sublime, para que
assim descubra que para ser feliz nessa vida não é preciso mudar o mundo, e sim
ter sorte no amor.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Dança
Saudades do seu sorriso que estava tão próximo do meu, dos seus olhos castanho-claros refletindo as luzes coloridas, da forma pela qual me fazia sorrir. Era tão engraçado o meu jeito atrapalhado, tentando imitar seus passos, que o fazia sorrir da minha confusão e dizer com tanta leveza que eu estava indo bem, só para não me deixar mais sem graça. E ainda insistir no meu jeito atrapalhado, pois ambos sabíamos de como eu era desengonçada, mas ainda assim não largava a minha mão. Às vezes me pergunto por que é que continuei nessa desastrosa tentativa de dançar, mas no fundo eu sabia que valeria a pena, e já estava valendo, pois o que importava para mim, naquele momento, era senti-lo próximo, de uma forma que eu não sei muito bem explicar, todas às vezes crio uma nova explicação. Mesmo só o conhecendo de vista, o que torna tudo isso uma história muito boba e inocente (o pior é que sei de tudo isso), algo não me deixava soltar sua mão, que a mantinha como válvula de escape à minha vergonha, em cada erro a prendia com mais força, como se estivesse preste a explodir. Sempre pensei que para me fazer dançar fosse necessário muita bebida alcóolica para quiçá eu tivesse coragem, mas naquela noite não sei o que diacho me fez vencer a timidez, com certeza era algo mais forte do que vodka pura, mesmo sem ter um pingo de álcool em meu sangue. E o que aconteceu? Nada, ficamos apenas dançando de uma forma engraçada, até ele ir embora. E agora fico me perguntando o porquê que estou assim, tão confusa, talvez eu seja idealista demais, me prenda a pequenos detalhes que ninguém nem os perceba. E talvez ele nem tenha percebido todos esses detalhes numa dança. E mais um talvez: talvez eu estivesse certa quando disse que iria acabar desistindo de me ensinar a dançar. E naquela noite, ele acabou desistindo de mim também.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Qual o sentido?
Alguém aí pode me explicar
qual o sentido de “ficar”? Ok, não estou aqui querendo impor uma lição de
moral, longe disso, eu só queria entender o que se passa na cabeça das pessoas
quando vão em uma boate com essa intenção. É, até que sei o que se passa, as
pessoas querem “matar” um desejo carnal, mas será que não sentem um vazio
depois? Ou até mesmo durante?
Não digo que conhecer
alguém seja um problema, é claro que não! Até acho importante e essencial
primeiramente conhecer a pessoa antes de se ter algo mais sério, e deixando
claro que conhecer nem sempre significa de primeiro o “ficar”, mesmo que venha
a acontecer, que seja porque algo bateu, conexões, e não só físicas, mas
mentais também. Mas o ficar por ficar, já com a falta de interesse um com o
outro, sabendo que se é descartável e que todos os outros também o são, qual o
sentido disso tudo?
Fiquei martelando tal
pergunta por um tempo, achei que o problema fosse por querer dar sentido a tudo, mas
talvez seja como um amigo me alertou “você está dando o sentido errado”, mas aí
a pergunta mais uma vez fica pairando no ar: então qual é o sentido?
Qual o sentido de fingir
que esqueceram o coração em casa? De ter e fazer carícias em várias pessoas que
até então são vazias? De até ter um momento legal e no outro dia fingir que
nada aconteceu e partir para a próxima? Até quando esse ciclo acaba? E mais uma
pergunta: qual o sentido de ser descartável?
Por muito tempo achei que o
problema fosse comigo, mas vendo de perto todas aquelas pessoas em uma espécie
de caça humana, foi quando percebi que o problema está nesse sistema novo de
interação social, nessas novas regras que surgem com a intenção de banir com as
regras passadas, meio paradoxal, não?! As pessoas querem se libertar das ordens
e conservadorismo, e se entregam às novas regras sociais, as de serem e
tornarem as outras uns objetos descartáveis, banais e substituíveis! Um belo
progresso social!
Sentir efêmero
Hoje eu sinto a vida me perturbar, ou melhor, as palavras que lutam em saltar velozmente, não consigo contê-las. Chega um momento em que me entrego total a essa força sublime, que faz de mim apenas um objeto de escrita, um mero coadjuvante em meio a sua vivacidade. É quando me pergunto em que ponto vou chegar, mas logo me vem em mente escrever sem pretensão, sem suborno, sem planos. Há um sentimento maior do que eu, é como um destino, que não me pertence, apenas me usa, me leva a dar contorno às palavras. Esse sentimento nada mais é do que a inspiração, a companheira de tantas noites atônitas, tão passageira, me deixando as vezes só, na improvisação. Teimo para que volte nesses períodos de solidão, sinto que sozinha não tenho força, nem tão pouco criatividade ou conteúdo. É o sentir efêmero que me preenche...
Ayllane Fulco
domingo, 26 de janeiro de 2014
Tão longe
Hoje eu só estou respirando lentamente com o tempo, de braços debruçados
sob a janela aberta, tão longe de tudo. Tão longe do meu espaço protegido, da
minha estabilidade. É que hoje me rendi à melancolia sem subestimá-la, bateu na
porta da minha solidão, e eu a convidei para se instalar em minha residência.
Que mal há nisso? Quem nunca se rendeu a si mesmo? Às vezes é preciso deixar a
racionalidade descansar um pouco e se entregar aos sentimentos, por mais desastrosos
que os sejam. Deixar com que a pele se descame. Rever os velhos fantasmas da
mente. E não ter que ir de contra ao natural, render-se por completo a si. Sem
músicas, sem festas, sem companhia, apenas a si, a sua alma, ao seu corpo, ao seu templo.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Hipermetropia
Desculpa por reclamar de falta de amor sabendo que me amava, e por todas as vezes em que me senti tão sozinha enquanto segurava a minha mão. Desculpa pelas vezes em que sorria alegremente para mim e eu tão insensivelmente lamentava por todas as minhas desgraças. E pelas vezes em que não o vi tão perto, questão de centímetros. Por ter deixado você partir, mesmo sem ter notado sua despedida, suas malas prontas, com o guarda-roupa já vazio. Por não ter dito "até logo" ou "apareça sempre". Desculpa por não ter visto aquela lágrima que caia de seus olhos todas as vezes em que eu fui arrogante com todos, principalmente com você. Peço perdão pela falta de sentir falta, é que meu coração é lento demais com as emoções, um sistema falho em processo. Desculpa pelas vezes em que me ausentei. Pelas indiretas tão diretas. Pelo egoísmo espontâneo. Por todas as desculpas. E principalmente, peço perdão pela minha hipermetropia, é que tenho dificuldades de enxergar de perto, tive que deixá-lo se afastar para que só assim eu pudesse vê-lo, a quilômetros de distância de mim.
- Ayllane Fulco
Estrela
Por mais tola que eu pareça ser, e sou, eu continuo aqui, feito
um fantasma talvez. Apareço de mansinho, no escuro de sua memória já tão
preenchida de tantas coisas vãs. Fico no meu canto, quieta. Como uma pequena
estrela, distante e em silêncio, que basta apenas olhar para os céus e perceber
que sempre estive por lá, observando cada passo seu. Mas não se sinta
intimidado com minha presença, se não a quiser, basta apenas não levantar os
olhos. No entanto, quando sentir minha falta, mas seu orgulho for maior do que
sua vontade, basta parar um pouco e contemplar o sereno céu, olhar em
silêncio para mim. Mesmo quando estiver nublado, e não conseguir me perceber,
ainda assim estarei por entre as nuvens, carregadas de gotas d'água. Mas não se
incomode quando chover, às vezes será necessário desaguar o que já acumulou com o tempo, purificar a alma.
-Ayllane Fulco
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Fora da cena
Eu estava frente a frente comigo mesma, mas de uma forma um tanto absurda, fora da cena dessa vez. Estava me revendo em um outro ser, parecido comigo. Eu estava apenas observando o fato, de longe, sem poder opinar em nada. Literalmente sem voz. Feito uma sombra revendo o meu passado. Mas dessa vez não era uma memória, era um fato, concreto e palpável.
Sim, era eu em outro corpo. Com as mesmas aflições. Era eu, de uma forma diferente, com outro gene, em outro ser. Perplexa com tantas divergências em tão pouco tempo. Decepcionada com o que ouvia naquela ligação pertubadora. Eu apenas fiquei ali, vendo aquela cena sem entender de primeiro o que estava acontecendo, vendo aquele ser tão parecido comigo aflito.
E o que aconteceu? Já não importa e nunca importou. Naquele momento me dei conta de como eu era vunerável em todos os momentos em que eu atendia o celular. Depois de tantos anos, eu precisei de uma cena fora de mim, fora do meu espaço, para finalmente poder entender o que se passava de fato fora de mim.
O amor, a vodka
O amor me aparecia com gosto de azedume, com cara de ressaca. Descia rasgando pela garganta, como quem engole vodka pura. Delirante e viciante, de quem bebe para fugir da realidade. Mas depois que os efeitos passam com o tic-tac do relógio, o corpo já se esfria, o alcóol se esvaz e me deixa ver com mais lucidez. É quando a bendita da ressaca surge feito um soco no estômago, me fazendo lembrar de que não adianta beber ou fugir da realidade em que me encontro. - Essa era a minha visão do amor, uma caneca cheia de vodka. Ou melhor, várias.
Questionei-me por vezes onde é que o meu tal romantismo fora parar, atirou-se de mim enquanto eu fechava os olhos. Veloz feito um ladrão. Pôs-se o corpo fora, deixando apenas a velha lembrança de que um dia existiu em mim. Mas afinal, quando foi que partiu? Quando foi que fiquei despida, sem véu e grinalda?
Entrei numa rua escura, onde de esquina encontrava-se um bar, coloquei-me frente-a-frente com um velho conhecido meu, olho para ele, cara-a-cara, olhos-nos-olhos, desafiando sua cara de inocente. Pensa que me engana. Sua cor transparente, sua textura de água, mas seu conteúdo era mais traçoeiro. Muitos poderiam olhar para ele e dizer: é apenas um cara neutro feito água, ou, é um cara tão essencial feito água. Mas ambos estavam enganados. E se querem saber seu nome, eu o digo, mas só dessa vez, para fazer-lhes relembrar, seu nome é vodka, conhecido por mim como amor. Ou será que é amor, conhecido por mim como vodka?
Bem, talvez eu esteja já bêbada neste momento ou esse seja o meu eu "sóbrio". Mas agora isso já nem importa mais. O que importa é que já decidi que dessa vez não terá volta, ou viro alcóolatra de vez ou largo a droga da bebida. Ficar nessa de sóbrio durante a semana e bêbada nos fins de semana está me deixando ambígua demais. Nem eu me aguento nesses momentos de ser ou não ser. - Que eu morra de amor, ou que eu o mate de vez.
- Ayllane Fulco
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Anastácia
Era uma garota chamada de Aninha, tão tolinha, na flor da idade. Cabelos naturais em cachos ruivos, pele alva
revestidas de sardas. Aninha gostava de pensar que conhecia o mundo com as
palmas miúdas das mãos, só porque lia muitos livros e contos. Não sabia Aninha
que tão pouco ainda havia vivido, e que sua autoconfiança nada mais era do que
imaturidade. Ou melhor, ingenuidade.
Aninha logo se apaixonou por um
rapaz, entregou-se ao amor como se estivesse entrando ao mar pela primeira vez.
Braços abertos, pernas trêmulas tentando manter-se de pé diante das turbulentas
ondas. Mistura de sensações, entre medo, alegria, contemplação, angústia...
Feito liquidificador em seu peito.
Aninha logo se transformou em
Ana, o “inha” soava ingênuo demais para a mulher que estava nascendo diante do
espelho. Ana percebeu que Aninha era tolinha mesmo, que suas teorias da vida
não passavam de ilustrações baratas, feito clichês em liquidação. Pobre Aninha,
pensava Ana, olhando para o espelho, percebendo que estava mais moça, mais
alta, mais dona de si.
Ana, a meado de seus vinte anos,
considerava-se mulher suficiente para declarar em versos altos o significado da
vida. Que, para ela, era o amor. Substantivo abstrato. Em seu peito de mar, de
a-mar. Era ana e o mar. Ana e o amor. E tudo parecia fazer-lhe sentido. Era
feito uma base de concreto, mas como pode, Ana? Como o amor, sendo abstrato, se
solidificar?
Ana diante de seu erro. Ana
diante do amor sólido. Que de sólido feito pedra foi atirado contra a sua
cabeça. Pobre Ana iludida, com dor de cabeça. Sentido? Qual? O amor se desfigurou
em seu peito, mostrou-se em seus olhos que não era concreto, era líquido, era
lágrima, com gosto amargo na boca. E agora, Ana? Qual o sentido?
Ana mais uma vez se transformou,
dessa vez em Anastácia. Sim, seu nome de RG, igual ao de sua avó. Seu nome soava-lhe
ao ouvido tão ríspido, tão ameaçador. Fora deixado de lado no dia de seu
nascimento. Aquela criatura frágil, recém-nascida, não combinava com um nome
tão forte e antigo. Era o que todos concordavam.
Hoje isso já não a importa.
Aninha ou Ana, seja como queiram chamar, já não se importava com a sonoridade
das palavras. Talvez isso até a motivasse a adotar um “novo” nome. E agora ela
se nomeava como Anastácia. Ríspida. Crua. Fria. Épica. Entre outros adjetivos.
Mas, e o sentido? E a vida? A autoconfiança?
Anastácia simplesmente não
denominou mais nada. O que era interrogação, continuou sendo. O que não era,
passou a ser. A vida se assumiu como uma estranha, ela já não a subestimava
mais.
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