Hoje eu só estou respirando lentamente com o tempo, de braços debruçados
sob a janela aberta, tão longe de tudo. Tão longe do meu espaço protegido, da
minha estabilidade. É que hoje me rendi à melancolia sem subestimá-la, bateu na
porta da minha solidão, e eu a convidei para se instalar em minha residência.
Que mal há nisso? Quem nunca se rendeu a si mesmo? Às vezes é preciso deixar a
racionalidade descansar um pouco e se entregar aos sentimentos, por mais desastrosos
que os sejam. Deixar com que a pele se descame. Rever os velhos fantasmas da
mente. E não ter que ir de contra ao natural, render-se por completo a si. Sem
músicas, sem festas, sem companhia, apenas a si, a sua alma, ao seu corpo, ao seu templo.
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