sexta-feira, 4 de abril de 2014

Declaração


A verdade é que já tentei de todas as formas deixar tudo para lá, no canto, quieto. Tentei não enxerga-lo quando passava pelo corredor. Tentei não procura-lo com os meus olhos. Tentei pagar com a mesma moeda, com o silêncio. Eu quase consegui. Quase fui até o final. Tudo para me sair por cima. Mas chegando quase ao fim, percebi que não valeria a pena essa ambição egocêntrica protetora. É que, por mais idiota que eu esteja sendo, não consegui esquecê-lo, nem ignorar por muito tempo. Como você mesmo me descreveu, eu sou verdadeira com os meus sentimentos, e por todo esse tempo, contraditoriamente, eu fui covarde com eles. Quando meu ego ficou ferido eu simplesmente quis desistir. Um passo para trás, uma história sem começo e nem fim. Folha quase em branco, apenas rascunhos. Apenas maus entendidos e duas pessoas sem graça.
E agora o meu maior risco é que não sei o que você sente, se já está em outra ou se nunca esteve aqui. É de me declarar pela primeira vez de forma tão direta a um destinatário. Sem meios intermediários ou indiretas...  Mas questão é clara, dessa vez eu estou falando primeiramente por mim, por que eu preciso expor, independente do que vou ouvir como resposta (ou pior ainda, correndo o risco do seu silêncio ensurdecedor), que eu sinto sua falta, do seu “bom dia” e “boa noite”, do seu jeito extremista entre homem e menino, do seu sotaque engraçado, da sua tentativa de me ensinar a dançar, das nossas mãos unidas, dos seus olhos castanho-claro, de vê-lo com o rosto corado de timidez, de senti-lo próximo a mim.
Ok, talvez eu esteja idealizando muitas coisas miúdas, talvez até inexistentes, vivas apenas em minha cabeça oca. Só que eu preciso seguir meus próprios conselhos de liberdade interna. E por fim, e não menos importante, preciso pedir desculpas pelo meu auê, eu sinceramente não queria magoar você.

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