A verdade é
que já tentei de todas as formas deixar tudo para lá, no canto, quieto. Tentei não
enxerga-lo quando passava pelo corredor. Tentei não procura-lo com os meus
olhos. Tentei pagar com a mesma moeda, com o silêncio. Eu quase consegui. Quase
fui até o final. Tudo para me sair por cima. Mas chegando quase ao fim, percebi
que não valeria a pena essa ambição egocêntrica protetora. É que, por mais
idiota que eu esteja sendo, não consegui esquecê-lo, nem ignorar por muito
tempo. Como você mesmo me descreveu, eu sou verdadeira com os meus sentimentos,
e por todo esse tempo, contraditoriamente, eu fui covarde com eles. Quando meu
ego ficou ferido eu simplesmente quis desistir. Um passo para trás, uma
história sem começo e nem fim. Folha quase em branco, apenas rascunhos. Apenas
maus entendidos e duas pessoas sem graça.
E agora o meu
maior risco é que não sei o que você sente, se já está em outra ou se nunca
esteve aqui. É de me declarar pela primeira vez de forma tão direta a um
destinatário. Sem meios intermediários ou indiretas... Mas questão é clara, dessa vez eu estou
falando primeiramente por mim, por que eu preciso expor, independente do que
vou ouvir como resposta (ou pior ainda, correndo o risco do seu silêncio
ensurdecedor), que eu sinto sua falta, do seu “bom dia” e “boa noite”, do seu
jeito extremista entre homem e menino, do seu sotaque engraçado, da sua tentativa
de me ensinar a dançar, das nossas mãos unidas, dos seus olhos castanho-claro,
de vê-lo com o rosto corado de timidez, de senti-lo próximo a mim.
Ok, talvez eu
esteja idealizando muitas coisas miúdas, talvez até inexistentes, vivas apenas
em minha cabeça oca. Só que eu preciso seguir meus próprios conselhos de
liberdade interna. E por fim, e não menos importante, preciso pedir desculpas
pelo meu auê, eu sinceramente não queria magoar você.
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