De repente eu estava ali, frente a frente com um "lixo humano". Sim, lixo, cujos sinônimos: resto, sobra, sem utilidade. A única diferença é que este possui um coração no peito e um cérebro pensante. Fora isso, é tratado igualmente a qualquer outro objeto descartável, feito farinha do mesmo saco. Jogado e abandonado. Por mim, por você e pelo Estado. Vítima ou culpado? Essa é uma questão irrelevante. O fato é: é um ser humano.
Esquecemos isso todas as vezes que nos colocamos no lugar das pessoas que sofreram algum dano cometido por eles. Nesse momento, o que sentimos? Repúdio, nojo e sentimento de vingança. E mais uma vez caímos na tendência de vê-lo pelo crime que cometeram e não pela sua existência física. Aquele se transforma em "aquilo". Uma coisa, um criminoso. Perde-se a identificação de ser humano, ao ponto de muitos pensarem "como assim, desejam ter seus direitos humanos respeitados?", como se isso não lhe coubessem. Mas afinal, são humanos também, não?! Lembrando-se, mais uma vez, a questão não é de vitima ou culpado. São direitos básicos de existência, e que não é porque a sociedade é miserável, economicamente falando, que os presídios devem refletir uma situação pior, ou seja, ter uma aparência mais suja e precária do que a vida fora de cela. Até por que, como exemplo, os presídios europeus, diferentemente do que muitos pensam, por serem países desenvolvidos, de “primeiro mundo”, acreditam que a realidade carcerária é outra, mas a verdade é que sofrem dos mesmos descasos estatais, como a superlotação, falta de higienização, entre outros tantos problemas.
Tal exemplo e situação revelam que o abandono aos presidiários, ou melhor, aos lixos humanos e sua instituição, é geral. É aqui e é na China. Como também é na Europa. São seres excluídos da sociedade. Nascidos com oportunidades de vida mínimas, jogados em jaulas e negado uma segunda chance. É uma negação implícita, claro. Valendo observar que, jogar um lixo na rua, em qualquer lugar, dificilmente será reciclado, é mais fácil gerar outros novos entulhos, aglomerados. Por que lugar de reciclagem não é na rua, e sim em um lugar específico para tal, que neste caso, deveria ser nos presídios, através de uma educação integrada, mas infelizmente as penitenciárias viraram uma instituição com fins de vingança, de pagar o mal com o mal, um descaso Estatal e judiciário. Só que o efeito é danoso, os punidos enxergam o Poder Judiciário como uma justiça puramente seletiva e elitista, e desconta na sociedade o que passaram dentro das celas.
Nesse momento, ao ler as últimas linhas, muitos devem estar pensando em como seria bom mantê-los então isolados até o fim de suas vidas, ou mais radicalmente, como seria mais fácil uma pena de morte. Menos um bandido. Menos um lixo. Mas não vamos tirar o foco novamente do fato, tentaremos ver o outro lado da moeda, nos colocar dessa vez na pele de quem está sendo punido. Vejamos que, se a própria sociedade olha esses seres com desprezo e desconfiança, feito monstros preste a atacar qualquer um, como é que os mesmos serão motivados a se socializarem se a própria sociedade os exclui? É muito fácil querer que uma planta se desenvolva, o difícil é ela crescer sem as condições básicas de existência, como sol e água. Então, como exigir que sejam cidadãos se nós sociedade os tratamos como lixos e não lhes é dado nenhum suporte de desenvolvimento?
É preciso uma motivação externa, tanto pela sociedade quanto pelo Estado, para que esses indivíduos se recuperem, pois unicamente enjaulá-los não abstrai o problema, apenas o deixa mais complexo. Portanto, cabe uma reforma carcerária, mas antes disso, uma reforma na mente social, e simultaneamente, uma visão mais ampla e menos elitista frente aos seus "lixos-humanos".
- Ayllane Fulco.
Esquecemos isso todas as vezes que nos colocamos no lugar das pessoas que sofreram algum dano cometido por eles. Nesse momento, o que sentimos? Repúdio, nojo e sentimento de vingança. E mais uma vez caímos na tendência de vê-lo pelo crime que cometeram e não pela sua existência física. Aquele se transforma em "aquilo". Uma coisa, um criminoso. Perde-se a identificação de ser humano, ao ponto de muitos pensarem "como assim, desejam ter seus direitos humanos respeitados?", como se isso não lhe coubessem. Mas afinal, são humanos também, não?! Lembrando-se, mais uma vez, a questão não é de vitima ou culpado. São direitos básicos de existência, e que não é porque a sociedade é miserável, economicamente falando, que os presídios devem refletir uma situação pior, ou seja, ter uma aparência mais suja e precária do que a vida fora de cela. Até por que, como exemplo, os presídios europeus, diferentemente do que muitos pensam, por serem países desenvolvidos, de “primeiro mundo”, acreditam que a realidade carcerária é outra, mas a verdade é que sofrem dos mesmos descasos estatais, como a superlotação, falta de higienização, entre outros tantos problemas.
Tal exemplo e situação revelam que o abandono aos presidiários, ou melhor, aos lixos humanos e sua instituição, é geral. É aqui e é na China. Como também é na Europa. São seres excluídos da sociedade. Nascidos com oportunidades de vida mínimas, jogados em jaulas e negado uma segunda chance. É uma negação implícita, claro. Valendo observar que, jogar um lixo na rua, em qualquer lugar, dificilmente será reciclado, é mais fácil gerar outros novos entulhos, aglomerados. Por que lugar de reciclagem não é na rua, e sim em um lugar específico para tal, que neste caso, deveria ser nos presídios, através de uma educação integrada, mas infelizmente as penitenciárias viraram uma instituição com fins de vingança, de pagar o mal com o mal, um descaso Estatal e judiciário. Só que o efeito é danoso, os punidos enxergam o Poder Judiciário como uma justiça puramente seletiva e elitista, e desconta na sociedade o que passaram dentro das celas.
Nesse momento, ao ler as últimas linhas, muitos devem estar pensando em como seria bom mantê-los então isolados até o fim de suas vidas, ou mais radicalmente, como seria mais fácil uma pena de morte. Menos um bandido. Menos um lixo. Mas não vamos tirar o foco novamente do fato, tentaremos ver o outro lado da moeda, nos colocar dessa vez na pele de quem está sendo punido. Vejamos que, se a própria sociedade olha esses seres com desprezo e desconfiança, feito monstros preste a atacar qualquer um, como é que os mesmos serão motivados a se socializarem se a própria sociedade os exclui? É muito fácil querer que uma planta se desenvolva, o difícil é ela crescer sem as condições básicas de existência, como sol e água. Então, como exigir que sejam cidadãos se nós sociedade os tratamos como lixos e não lhes é dado nenhum suporte de desenvolvimento?
É preciso uma motivação externa, tanto pela sociedade quanto pelo Estado, para que esses indivíduos se recuperem, pois unicamente enjaulá-los não abstrai o problema, apenas o deixa mais complexo. Portanto, cabe uma reforma carcerária, mas antes disso, uma reforma na mente social, e simultaneamente, uma visão mais ampla e menos elitista frente aos seus "lixos-humanos".
- Ayllane Fulco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário