“Então é natal, e o que você fez? O ano termina e nasce
outra vez...” É nessa época do ano em que a pergunta fica pairando no ar, “... e
o que você fez?”. Nos damos conta do quão pouco fizemos para nós e, muitas vezes,
para o próximo.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
As pessoas são livres!
As pessoas são livres. Isso é fato, está concretizado e até mesmo positivado. Mas por que é que vivemos sempre presos a algo ou alguém? A partir do momento que essa verdade fizer presente no seu ser, o medo não fará mais sentido, por que a liberdade é o oposto do medo.
As pessoas têm medo de ficar sozinhas. As pessoas têm medo de quebrar as algemas. As pessoas têm medo da liberdade, de ser e deixar ser. Medo... Até quando será o senhor dos homens e das mulheres?
Se todo mundo soubesse que ser livre e deixar ser, é fundamental para um amor saudável, as pessoas sofreriam menos. O que é preciso saber e deixar claro em mente, é que as pessoas são livres, nascem sozinhas, caminham com os próprios pés e não deixam de existir por quê estão sozinhas. Prender alguém em si, por medo da solidão, é egoísmo, longe de amor.
E o mais importante, a liberdade consiste no indivíduo está no mundo, sujeito às mudanças externas e internas, ninguém é constante, inalterável. E isso também é liberdade. Culpar-se ou culpar o outro, por amor ou desamor, é pura ingenuidade ou forma de pretensão, pois mais uma vez a palavra liberdade é evidente num contexto social, já que as pessoas são livres e seus sentimentos também. Ninguém nasce preso ao outro e nem deve ser sacrificado à eternidade pela força do hábito ou comodismo, e nem muito menos pelo medo. Isso de alma gêmea, a metade da laranja, não deve se servir de desculpa para o sofrimento e busca incansável pelo amor perfeito e solidificado. Ninguém deve carregar aos ombros o peso de um amor idealizado.
No fim de tudo, ou você se liberta de suas algemas ou alguém aparece e o aprisiona por completo.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Ambos no velório
Morreu. De morte morrida ou de morte matada? Eu ainda não sei. Vai ver que foi morte morrida mesmo, mas ambos teimam a acreditar, cada um culpando o outro de assassinato. Mas o fato foi dado: Morreu. E a sentença? É aceitar. Sim, aceitar e sem questionar. Esse foi o acordo daquele dia, ambas as partes concordaram, mas também se um não concordasse, não teria mudança alguma. Estaria morto de qualquer jeito. Por que era preciso ser em par. Eu sei, é triste ver a morte de alguém que era tão próximo, vendo-o dentro do túmulo que se fecha diante dos próprios olhos, e o que se pode fazer?! Nada... O corpo se inclina, as lágrimas caem, o gosto amargo fica pairando na boca, enquanto você se despede pela última vez. E lá se foi um ente próximo, que fez-se distante. E por lá, enterrado ficou, talvez fosse um filho ou apenas um animal de estimação. Mas ambos sabiam de sua morte, ambos estavam cientes disso. Ambos arcaram com o custo do velório e com todos os "pêsames", e insensivelmente também tiveram de ouvir "já estava na hora". Mas o fato é: estava sendo enterrado, o que já estava morto. Depois das despedidas, ambos deram as costas um para o outro, seguiram em caminhos opostos. E com o tempo, ambos esqueceram a perda.
- Ayllane Fulco
domingo, 3 de novembro de 2013
Ausência concreta
Sabe o que é ter vontade de algo e não saber ao certo o que é? Ou melhor, ter a intuição de que falta algo. Ter a sensação permanente de ausência concreta. Ter e não ter. Ausência com contragosto de excesso. Loucura?! Talvez. Sabe o que é precisar sentir ausência? É que a harmonia enjoa. Uma hora ou outra, cansa. Sentir-se completo é desumano. É metafísico demais. Então fico aqui com minhas faltas e excessos, perfeita desarmonia humana. Com gosto de nada, de falta, de ausência.
-Ayllane Fulco
Embalar
Ela estava embalada sob o colo da mãe. Protegida de qualquer dano externo. Intacta num mundo de caos. Ali, fragilmente acolhida no leito materno, tudo era calmo e distante, nada era ameaçador.
A mãe, que embalava a criança, poderia ser qualquer uma. Poderia ser você. Ou poderia ser aquela ali, que nem casa tem. Poderia também ser o pai. Ou um irmão. Até mesmo um animal.
Seja quem for. Sob seu colo tinha um ser. Tão sereno, dormindo, distante de qualquer dano, medo e ameaça. De olhos fechados, nada o amedrontava. O mundo não passava dos braços de seu acolhedor.
E o acolhedor, sendo qualquer um, o protegia. Mesmo entre danos, fagulhas e feridas. Ou entre alegrias, amor e dinheiro. Nada importava naquele momento. Apenas seus braços. Apenas o embalar de seus braços. E o que há de importante nisso? Ninguém nunca parou para pensar. E a criança apenas permanecia acalentada em seu colo, de olhos fechados, intacta e serena.
Sincericídio
Quantas vezes reclamamos da hipocrisia alheia, enchemos o pulmão de ar e berramos "mais sinceridade''! E depois de um tempinho, quando alguém é sincero conosco, o chamamos de grosso, estúpido, sem-noção, entre outros adjetivos. Ora, até onde vai a sinceridade? É feito linha tênue, ficamos bambos nesse meio fio, não sabemos se omitir seria o mesmo de não ser sincero, e se sinceridade seria uma justificação quando se humilha alguém.
Sinceridade, sinceridade, sincericídio! Afinal, o que é sincericídio? É quando falamos a verdade quando não deveríamos tê-la dito. Pergunto então a você, quantas vezes cometeu sincericídio? E como desculpa, usou do argumento de ser uma pessoa "realista", sem papas na língua. Bateu no peito, e se assumiu como uma pessoa corajosa! Que não teme consequências do que fala! Mas... E quando as consequências são sutis? Ou quando se refletem em quem escuta, quando machuca e fere, é sempre necessária?! "A verdade dói, mas sara", será mesmo?! Será que atirar nossas verdades (sim, nossas) aos outros, significa que estamos fazendo algo bom? É claro que mentir não seria uma solução, mas usar de seu descontrole para ferir os outros, com a tola desculpa de ser sincero, o coloca como uma pessoa insensível e imatura.
Diante de uma leitura de Augusto Cury, me deparo com uma frase genial: ''Falar o que vem à mente, dizer sempre a verdade nem sempre é a expressão de um Eu maduro, mas sim de quem não tem controle''. Então, antes de falar suas verdades, sem medir consequências ou impactos, não seja tolo de bater no peito como alguém digno de aplausos! Saiba que é apenas mais um descontrolado, imaturo e insensível com os outros. Deixando claro que, é bom ser sincero, na verdade, é essencial. Mas usar da sinceridade para atingir aos outros, como forma de humilhar e menosprezar, é desprezível.
sábado, 2 de novembro de 2013
Menos amor, por favor!
E o pior de tudo, é quando confirmo que estou certa. Quando vejo o mais novo "amor eterno" da vez e ter que ouvir que também não conseguirá viver sem esse novo amor, como também não conseguia viver sem o outro, o do passado. Incrível como as pessoas conseguem morrer e viver tantas vezes numa só vida, não?!
Eu peço "menos amor, por favor"! E mais realidade, meu caro!
Um ponto em meio aos quadrados
Eu a vi de longe. Bem distante. Por entre outras pessoas que caminhavam apressadamente. Ela era um ponto em meio aos quadrados. Era cinza em meio ao arco-íris. De longe era ainda menor. Frágil, era o que as pessoas pensavam espontaneamente. Ponto. Franzina. Pequena. Pálida. Menina.
Eu a vi andando ao meu encontro, o ponto criava um pouco de forma e feição. O branco virara branco-gelo. Mas continuava menor que os demais, mais branca que os demais. Franzina, pálida, menina.
Eu a vi parada. Face a face. Deixava de ser abstrata, de ser ponto. Daqui, frente-a-frente, parecia menor. Bochechas coradas. E mesmo com o rosto menina, seu olhar carregava histórias, memórias de quem viveu. De face-a-face era ainda mais diferente, singular entre todas as formas existentes.
Eu a vi indo embora, passou por mim depressa, não se despediu. Continuou no mesmo ritmo, mesmos passos desajeitados, tentando manter o equilíbrio. E voltava a virar cada vez mais um ponto, entre os quadrados. Mais branca, franzina, pálida, menina.
E lá ela se foi, caminhando por entre as formas geométricas.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Surpresa!
É tão complicado ser pega de surpresa. É tão surpreender estar numa situação complicada. É quando toda a minha segurança cai diante da minha face. Simplesmente a boca se cala, não sai nenhum ruído. E quando me pressiono a falar algo, tudo sai sem nexo, aparentemente. Palavras soltas, descosturadas. Silêncio! tento falar para mim mesma, minha mente está em plena confusão. Fala alguma coisa! É o que me aconselho, em vão. Todo o barulho da minha mente impede que as palavras sejam ditas claramente, a alto e bom som. Por quê? Porque simplesmente não sei o que falar! E o que se fala quando não se sabe o que dizer e o que se quer?! É neste exato momento em que me pego despreparada, logo eu! Sim, eu! Eu que ando cheia de artimanhas! Fico sem nenhuma, despida de qualquer estratégia ou disfarce. Só um corpo com uma mente barulhenta. Só uma boca trêmula. Com palavras sem sentido algum.
Pés andarilhos
Tudo depende de como você encara as circunstâncias. Ou você amadurece, ou regride, se recolhe. Tudo depende de você, e não da outra pessoa. Depende de como e por onde você vai andar, nada de círculos! Eles são viciantes e quando você pensa que está se afastando, volta pro início de tudo. Se não é em círculos, então, por onde andar? Ande desregularmente, saltitante, por entre curvas, se contorcendo pelos estreitos das ruas, pulando muros que estiverem o impedindo de ir adiante. Porque o importante é andar! Mas caminhar de verdade, e não em fingimento (círculos). E se a memória lhe atingir o âmago, não relute e nem a ignore. Olhe de frente para ela, encare a feição de seu rosto, de perto. E verá que não é como imaginava. Não é tão triste, nem tão culposa e nem tão ameaçadora assim. É só uma memória, é só um passado. É só um circulo que se despede de seus pés andarilhos.
Apenas
Sabe qual é o meu segredo? Transformar sentimentos em arte! Lembranças ternas em poesia, tristeza em versos! É como se passasse da mente pro papel, e aí nestes versos, ficam registrados as verossimilhanças. Tão intenso em seus sentimentos prematuros, fixos numa folha, que mesmo com o passar do tempo, dos sentimentos e da idade, eles continuarão intactos ao ler. As cenas serão descritas e figuradas em minha mente, igual ao momento em que havia escrito. E esse será o filme da minha vida, tão subjetivo, passando cada sentimento em lírica por minhas íris. Apenas minhas memórias. Apenas meus papéis. Em meus olhos. Apenas.
sábado, 19 de outubro de 2013
Empatia
Sabe quando alguém tem empatia por você? Quando alguém consegue captar o seu mundo subjetivo, entrar em contato com o que está intrínseco? Pois bem, certos olhares parecem me compreender melhor do que eu mesma, é como se conseguisse atravessar uma janela imaginária, um portal que fica na íris dos olhos, dizem que é a janela da alma. Talvez seja mesmo. Mas poucos conseguem atravessa-la.
O que é mais incrível é que meu cachorro, certas vezes, parece ter empatia por mim, parece saber exatamente o que passa em meus pensamentos. Até sua forma de inclinar a cabeça, franzir a sobrancelha, como se estivesse perguntando "ei, você está bem?". Eu sei que parece coisa de outro mundo, um cachorro ter contato tão intenso com o ser humano. Mas talvez seja mesmo, talvez eles consigam enxergar melhor do que nós, o que está além de nossa pupila tão limitada. E o mais engraçado disso tudo é que os humanos, tão racionais e espertos, não conseguem nem ler o que está estampado na cara, imagina só o que está por dentro dos olhos! Mais que ironia!
E sabe o que tirar disso tudo? Só se apaixone por alguém que consegue ter empatia por você, mais do que o seu próprio cachorro!
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Qualquer decisão
Toda decisão deve ser tomada baseando-se em sua vontade, com seu próprio consentimento. Muitos se perguntam: Fazer ou não fazer? Ir ou não ir? Terminar ou continuar?
Pois bem, quando alguém vem me pedir um conselho, minha resposta é simples: Faça aquilo que seja da SUA vontade, e não pelos outros, pois se algo não sair conforme o que você planejou, não terá a quem culpar ou se martirizar porque foi precipitado demais. Ou seja, tudo aquilo que decidir, baseando-se em suas vontades e razões, não irá se arrepender, mesmo que não saia como planejou.
Isso é tão simples, não?! Pois é, mas poucos param pra pensar nisso e colocar em mente. E acabam, por fim, cedendo às pressões sociais e psicológicas. É essencial saber que pensar em si mesmo em primeiro lugar não é egoísmo!
Pois bem, quando alguém vem me pedir um conselho, minha resposta é simples: Faça aquilo que seja da SUA vontade, e não pelos outros, pois se algo não sair conforme o que você planejou, não terá a quem culpar ou se martirizar porque foi precipitado demais. Ou seja, tudo aquilo que decidir, baseando-se em suas vontades e razões, não irá se arrepender, mesmo que não saia como planejou.
Isso é tão simples, não?! Pois é, mas poucos param pra pensar nisso e colocar em mente. E acabam, por fim, cedendo às pressões sociais e psicológicas. É essencial saber que pensar em si mesmo em primeiro lugar não é egoísmo!
domingo, 13 de outubro de 2013
Equívoco viciante
As pessoas são "extremistas" demais! Estamos sempre nos perguntando e aos outros: branco ou preto? Amor ou dinheiro? Trabalhar ou viver? Beleza ou inteligência? Ora! Por que não: Cinza? Ou ter os dois? Por que é que estamos sempre nessa neura de achar que só podemos ter um só, e que devemos abrir mão do outro? E ainda mais, de achar que são antônimos?
É tão frequente esses "erros", que saem de nossa boca sem que nem percebamos! É sempre um equívoco viciante em que estamos sujeitos, que são impostos pela mídia, sociedade e por nós mesmos! Não é difícil cair nesse equívoco, de se submeter aos extremos, quando na verdade poderíamos escolher o meio-termo ou então os dois! Por que cinza é uma linda cor! Você pode amar e ter dinheiro simultaneamente, se assim não fosse possível, não existiria divórcio nos casais mais carentes economicamente e os ricos são seriam capazes de amar e serem amados! Trabalhar e viver também não são antônimos, só é preciso equilíbrio! E por último e não menos importante...Sim! É possível ter beleza e inteligência numa pessoa só! Vamos parar dessa conversa que toda mulher bonita é burra e que os inteligentes são aqueles que têm cara de nerd americano, feito estereótipo da mídia!
-Ayllane Fulco.
-Ayllane Fulco.
Socorro
De repente tudo fica em total silêncio, a casa vazia, você caminha do quarto-banheiro-cozinha, abre a geladeira sabendo o que tem exatamente lá, nada que te interesse, fecha a porta, volta pro quarto. Em passos lentos, esperançosa de que algo aconteça, uma visita inesperada, ou que o celular toque, ou uma mensagem qualquer. Qualquer coisa! Mas nada acontece. Você entra nas redes sociais, e parece até um velório, o silêncio se torna mais audível ainda.
E tudo o que você quer é preencher o silêncio da mente e do coração. Tirar aquela indiferença de si.
- Nunca uma música me fez tanto sentido quanto "Socorro" de Arnaldo Antunes...
sábado, 12 de outubro de 2013
Amor é eterno?
No meio da madrugada, numa conversa "filosófica", mais um pensamento confuso...
"...Ao mesmo tempo que eu ainda não me decidi quanto ao efêmero ou eterno, é algo que me perturba há muito tempo, toda a minha existência.
Eu não sei se o amor é eterno! E como diferenciá-lo de outro sentimento?! Como o da paixão?! Porquê se um relacionamento acaba, dizem que não é amor, então a eternidade é uma prova de amar? E se a eternidade for comodismo de ambas as partes? Por conveniência, talvez?!
- Amar, então, seria sinônimo de aturar até que a morte os separe? "
"...Ao mesmo tempo que eu ainda não me decidi quanto ao efêmero ou eterno, é algo que me perturba há muito tempo, toda a minha existência.
Eu não sei se o amor é eterno! E como diferenciá-lo de outro sentimento?! Como o da paixão?! Porquê se um relacionamento acaba, dizem que não é amor, então a eternidade é uma prova de amar? E se a eternidade for comodismo de ambas as partes? Por conveniência, talvez?!
- Amar, então, seria sinônimo de aturar até que a morte os separe? "
domingo, 22 de setembro de 2013
Seja feliz, não seja artificial.
Seja feliz, não seja artificial. É uma questão de ser e não de parecer, percebe? Gargalhadas altas nem sempre são verdadeiras. Geralmente quem muito feliz aparenta ser, não o é. Simples, essa certa artificialidade que nem todos conseguem captar é uma forma de disfarce, para esconder insegurança ou/e infelicidade. É tanta alegria que assusta! Não é raro olhares tortos para uma pessoa assim. É tanto exagero que se torna muito artificial. E aí, vale observar que, felicidade é uma palavra tão ampla e subjetiva que as pessoas a confundem com personalidade.
Ser uma pessoa feliz, e aparentar ser feliz é bem diferente. Uma pessoa que aparenta, geralmente "expande" alegria, mas não de uma forma positiva, e sim de despertar desconfiança. As pessoas em seu subconsciente chegam a se incomodar com sua presença. Pois não soa natural. É como diz minha avó "Muito riso, pouco siso" (siso = juízo). É quando muitos se perguntam "Qual é o problema dele(a)?", pois para nós, pessoas "comuns", não é possível tanta felicidade em meio aos problemas pessoais, profissionais e econômicos. Pois todos carregam em seus ombros responsabilidades, medos e rotinas. O que nos faz ponderar e dar um certo equilíbrio emocional. Mas também não significa que somos infelizes por isso, e nem que a felicidade nos incomoda. O que é perturbador mesmo é a artificialidade. É parecer alguém sem juízo, quando nós sabemos que é tudo disfarce.
Sentada no ônibus
Sentada no ônibus, indo pelos mesmos caminhos, em total solidão, eu e meus pensamentos barulhentos... Ora uma criança chorando no colo da mãe, ora uma bolsa passava-me próximo ao rosto, no vai-e-vem de corpos apressados, tentando manter-se em pé enquanto o ônibus freia. Em meio ao caos da cidade, um dia de semana qualquer, eu e meus pensamentos. Apenas. O interno era mais caos ainda. As buzinas dos carros pareciam até distantes, o calor escaldante já não mais incomodava. Porque só importava eu e meus pensamentos barulhentos... E de repente tudo ficou em silêncio, interno e externamente... De repente o mundo ficou blue. Não se ouvia nem mais um ruído qualquer - Essa é a cena que ficou. Marcou. Sem sons. Imagens apenas. Olhos.
- Ayllane Fulco
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Chances
Não se deve insistir num erro. Isso é fato. Mas todos acabam insistindo, com a tola desculpa ou esperança de que dessa vez será diferente, só que não será, nunca é. Com o tempo ficamos nesse círculo vicioso. Nos adaptamos aos erros, e preferimos cometê-los novamente, em vez de tentar uma nova alternativa, pois tememos pelo resultado de que não sabemos, pelo desconhecido. E aí, mais um vez idealizamos que o erro não será mais um erro. Só que mágica não existe! Um erro é erro e ponto final. E não adianta vim argumentar, pois quantas chances você já deu? E dessas, quantas valeram à pena?
O problema não está em dar chances. O problema é quando essas chances interferem em sua vida. Quando você deixa de seguir em frente para esperar por alguém que nunca chega ao seu lado. Nessa situação uma chance requer de você a escolha entre seguir adiante ou permanecer. E quando você abre mão de seguir adiante, a sua vida se resume a erros contínuos e viciantes. Quando opta em permanecer, deixa de dar chances a si mesma . Ou seja, você decide para quem vai dar essa chance, se para si mesma ou aos outros. Mas se quer um conselho, doe para si a oportunidade de optar outras escolhas, ver outros cenários, sentir outros sabores, conhecer outras pessoas, viver outros rumos!
Por que no fim de tudo, de todas as escolhas feitas, você só terá lembranças do que viveu. Então não se prive a algo ou a alguém que seja um erro. Não construa, ou melhor, não limite a sua vida em momentos, situações, trabalhos, pessoas, gostos... errantes. Dê uma chance a si mesma. Permita-se!
- Ayllane Fulco
sábado, 7 de setembro de 2013
Um dia...
“ Um dia o céu estava azul, ar fresco, aroma das rosas em plena primavera, um sol de verão, um gosto de sorvete na boca, um pedido de namoro. Outro dia o céu estava triste, nublado, o ar tão fadigado, já não havia aroma das rosas, pois havia chegado o outono, o sol havia se escondido entre nuvens escuras, o sorvete virara líquido e o pedido... era de fim, de esquecimento.”
- Ayllane Fulco
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
?!
É engraçado como aquela pessoa a qual você gostava muito, depois de um tempo, quando o "encanto" passa, ela simplesmente perde toda a graça e você se pergunta "O que foi que eu vi nela?!".
Era só um garoto
Era só mais um imaturo sentimental. Não sabia o que sentia. Ou melhor, saber, sabia, mas não queria admitir a alto bom som. Então sussurrava pelos cantos amor eterno. Era tão frágil que dava para quebrá-lo com um toque. Tão romântico que era de se espantar. Mas não por sua obsessão (se é que existia), e sim por ser contraditório com sua pessoa. Com que falava e demonstrava aos outros. Batia no peito, como um homem íntegro, rígido e anti-sentimental, mas quando ficava sozinho, em suas humildes palavras, nada mais era do que um garoto. Um garoto apaixonado. E todos os seus conselhos aos desconhecidos se tornavam tolos. Distantes demais. Teóricos demais. Pois até ele sabia que nenhum personagem permanece intacto por tanto tempo.
- Ayllane Fulco
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Quando se deseja...
Tem uma frase a qual gosto muito e acredito piamente "Quando se deseja muito uma coisa, o universo conspira ao seu favor" (Paulo Coelho). Genial! É tão verdade que muitas vezes pensamos "nossa, que coincidência" ou "... foi o acaso". Mas na verdade as coisas são premeditadas, pois coincidências são tão difíceis de acontecer quanto um raio lhe atingir duas vezes! Nossa mente tem um poder incrível de "prever" o futuro, faz conexão por telepatia com outro ser, em outro espaço.
É engraçado quando pensamos "nunca mais falei com fulano, ou, nunca mais assisti tal filme", e de repente, na mesma semana fulano te liga ou você o encontra a caminho da padaria. E o filme passa na sessão da tarde. E você mais uma vez pensa "Nossa, que coincidência!"
Mas será mesmo? Acredito que não. Por isso é tão importante pensar positivamente. Dizer "eu quero, eu vou, eu consigo", e isso não é prepotência, é confiança. E confiança é sempre bom, quando não chega a se tornar prepotência. Então confie mais em si, use sua mente para materializar aquilo que deseja. E aí, mão e mente à obra!
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Que bicho a mordeu?
Que bicho a mordeu? Era essa a pergunta que se faziam quando a raiva lhe subia a cabeça. Seus olhos ardiam em chama, sua voz ecoava por toda a rua. Seu semblante ficava irreconhecível até para seus familiares. A raiva a dominava de forma perplexa, fazendo todos que acreditavam conhecê-la ficar de queixo caído, boca aberta. Principalmente aos que acabavam de conhecê-la, anteriormente falavam até em voz alta "de onde vem essa calma?". Pobre pessoa que se enganasse com a tal figura. Não se julga o conteúdo pela embalagem. Mas de frente pra ela, era quase impossível não julgá-la pela embalagem, tão pequena e frágil. Não aparentava qualquer risco. Mas quando a raiva lhe subia a cabeça... Corra! Ela irá jogar algo pelas janelas! Irá gritar até sua voz ficar rouca. E depois que ficar rouca, que a face já estiver rubra e a raiva deixá-la sozinha, sair de mansinho, prepare-se o colo e os olhos. Aquela figura irreconhecível de repente vira dó, uma pobre criatura choramingando pelos cantos, baixinho, contento o soluço. Parece até espantada! Veja só que coisa maluca! A fera que vira rosa, ou seria a rosa que vira fera? Não se sabe. O que todos sabem é que ela é um ponto de interrogação. E que ninguém deve se meter com ela. Parece até que tem veneno na ponta da língua e uma mala de primeiros socorros em mãos. Fere e sara. O que essa criatura quer afinal? Ninguém sabe ao certo. Dizem que ela se transforma em lua cheia. Outros que ela é de outro mundo. Sua presença é antítese. Sua pessoa é cheia de contradições. Ora parece um anjo, outrora filha do diabo. Cruzes!
Fórmula do amor
Procura-se nas farmácias, nas perfumarias, nos bordéis e nas igrejas. Pergunta-se às prostitutas, ao padre e ao pastor. Qual é a cor, a forma e o sabor? É perigoso, venoso, letal? É caro? barato? Vale o preço?
Procura-se a fórmula do amor! Há quem diga que os ingredientes são carro, dinheiro, fortuna. Há os que afirmem que com dinheiro não se paga. Mas afinal, quanto vale um pouco de amor?
É os olhos da cara! Grita um velho vagabundo. É de graça! Grita uma sábia senhora. Já as prostitutas cochicham entre si, risos medonhos, tão veemente acreditam que o amor não passa de teoria! Coisas que homens apaixonados falam a suas amadas, afim de encantá-las, tão cheios de lábias.
- Querido vendedor de sonhos, procuro por uma fórmula chamada "amor". É questão de vida ou morte, meu senhor, acredite em minha sincera honestidade!
- Perdoe-me senhor afoito de sentimento traiçoeiro. Teimo em dizer que essa fórmula não está mais à venda. Entrou em liquidação há alguns dias, e não resta nem sequer uma para salvá-lo dessa dúvida que assola.
E assim o procurador de amor partiu. Lastimou sua má sorte. E nunca mais se ouviu falar dele.
(Ayllane Fulco)
Ela e Ele
Ela estava disposta a mudar-se. Ele disposto a continuar sã. Ela estava querendo se libertar de tudo e todos. Ele queria o mesmo. Ela foi quem rompeu um relacionamento. Ele foi deixado no altar. Ela não sabia aonde estava indo, e isso não importava. Ele sabia aonde não queria chegar. Ela era dona de um sorriso encantador. Ele era dono de um silêncio ensurdecedor. Ela não gostava de correr. Ele vivia fugindo. Ela esquecia o passado. Ele guardava-o escondido. Ela se sentia leve. Ele se prendia em seu medo. Um dia eles se conheceram. Ficavam muito tempo juntos. Ela passou a planejar, a criar expectativas, a se prender nesse novo mundo. Ele continuava preso ao medo. Ela queria filhos, casa, cachorro. Ele queria um bom emprego, dinheiro e conforto. Eles se amavam, era fato. Mas ela queria mais do que ele poderia lhe oferecer no momento. Não teve jeito, ela rompeu mais um relacionamento. Ele ficou sozinho junto com o seu medo de compromisso. Ela conheceu outros. Casou-se com outro. Teve filhos, casa e cachorro com outro. Ele conseguiu um bom emprego, dinheiro e conforto. Ela se sentia finalmente completa. E ele se sentia totalmente incompleto.
- Ayllane Fulco
Chegou um momento
Chegou um momento em que minhas palavras estão se tornando meus atos. Meus pensamentos estão saindo do papel. Chegou um momento em que liberdade é pouco. O que sinto ainda não tem nome. Nesse momento sinto que estou despertando de um sono profundo que dormi por tanto tempo. Talvez seja o mal da maioridade. Ou talvez não, meus caros. A questão é: hoje me sinto mais mulher. Vejo-me mais claramente. Compreendo-me melhor, e o que não compreendo já não me incomoda mais.
É que hoje eu penso mais em mim. Liberto-me mais da futilidade alheia. Jogo-me no acaso. Hoje eu tomei as rédeas do meu caminho. E passei a acreditar em mim mesma, em quem sou e aonde quero chegar. Hoje me libertei da ignorância e da hipocrisia.
- Ayllane Fulco
Masculino de vadia
Ele ama outra. Curte as demais. Fala mal das vadias.
Mas curte as demais e as vadias...
Afinal, qual o masculino de vadia?
Hipócrita cairia bem, afinal.
Renda-se
Renda-se ao amor que bate à porta
Renda-se ao sorriso de um desconhecido
Renda-se aos braços abertos de um abraço
Renda-se às mais bobas notícias
Renda-se aos mais tristes olhares
Renda-se ao que não é permitido
Renda-se ao irreconhecível.
Renda-se ao que é real. Ou que aparenta ser.
Mas renda-se enquanto pode!
Um dia a vida irá te render por completo
E você não terá mais escolhas, se não:
render-se diante dela.
- Ayllane Fulco
Renda-se ao sorriso de um desconhecido
Renda-se aos braços abertos de um abraço
Renda-se às mais bobas notícias
Renda-se aos mais tristes olhares
Renda-se ao que não é permitido
Renda-se ao irreconhecível.
Renda-se ao que é real. Ou que aparenta ser.
Mas renda-se enquanto pode!
Um dia a vida irá te render por completo
E você não terá mais escolhas, se não:
render-se diante dela.
- Ayllane Fulco
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Rostos e suas particularidades
Engraçado como o "facebook" consegue localizar e identificar o rosto de cada um nas fotos, perguntando se deseja marcá-lo. Saber que aquele sorriso é só seu, aqueles olhos pequenos e sobrancelhas arqueadas são tão suas, e só suas. Consegue captar com a maior facilidade que até Deus duvida. E nós, meros humanos, quando pensamos no rosto de alguém, primeiro é só um borrão, e depois de alguns segundos sai um rascunho em mente, mas os detalhes, os preciosos detalhes que particulariza cada indivíduo fogem da lembrança. Olhos castanhos claros ou mel?! Feche os olhos agora e pense em alguém, com todos os detalhes possíveis, agora desenhe. Ok, se não sabe desenhar, apenas fale os detalhes para que o desenhista o faça. É difícil, não?
Identificar rostos não é lá tão difícil, mas dizer as particularidades de cada um é bem difícil. E se você concorda com isso, imagina só saber o que cada um trás dentro de si, de suas particularidades. De seus sorrisos tortos, de suas bochechas volumosas, queixos protuberantes. Ouso em fazer uma pergunta ainda mais difícil, você conhece suas particularidades? Um auto-retrato, talvez? Com certeza já deve ter-se visto muito, não teria desculpas. Mas sabe o que é? Até nosso rosto é difícil reconhecer. Sabemos se temos orelhas grandes ou boca pequena, mas não paramos pra notar os detalhes, como, qual a cor que sua boca fica ao tomar água gelada? seu rosto é simétrico? Qual lado seu rosto é mais bonito? Morde os lábios quando está indecisa?
É meus caros, são muitas perguntas nunca antes pensadas. São detalhes que atravessam nossos olhos diariamente, o tempo todo, até diante do espelho. Enquanto muitos se surpreendem com um desenho realista, como sendo coisa do diabo alguém conseguir captar com tamanha perfeição a realidade. E talvez seja mesmo coisa de outro mundo. Ou talvez não, sejamos nós os desligados da história, passamos pela vida e pelas pessoas sem notá-las. Olhamos-nos no espelho e só enxergamos aquilo que nos incomoda, se o cabelo está liso ou se a maquiagem está borrada. E perdemos a chance de conhecer nossas particularidades, o que nos torna únicos, singular. E aos outros.
- Ayllane Fulco
Identificar rostos não é lá tão difícil, mas dizer as particularidades de cada um é bem difícil. E se você concorda com isso, imagina só saber o que cada um trás dentro de si, de suas particularidades. De seus sorrisos tortos, de suas bochechas volumosas, queixos protuberantes. Ouso em fazer uma pergunta ainda mais difícil, você conhece suas particularidades? Um auto-retrato, talvez? Com certeza já deve ter-se visto muito, não teria desculpas. Mas sabe o que é? Até nosso rosto é difícil reconhecer. Sabemos se temos orelhas grandes ou boca pequena, mas não paramos pra notar os detalhes, como, qual a cor que sua boca fica ao tomar água gelada? seu rosto é simétrico? Qual lado seu rosto é mais bonito? Morde os lábios quando está indecisa?
É meus caros, são muitas perguntas nunca antes pensadas. São detalhes que atravessam nossos olhos diariamente, o tempo todo, até diante do espelho. Enquanto muitos se surpreendem com um desenho realista, como sendo coisa do diabo alguém conseguir captar com tamanha perfeição a realidade. E talvez seja mesmo coisa de outro mundo. Ou talvez não, sejamos nós os desligados da história, passamos pela vida e pelas pessoas sem notá-las. Olhamos-nos no espelho e só enxergamos aquilo que nos incomoda, se o cabelo está liso ou se a maquiagem está borrada. E perdemos a chance de conhecer nossas particularidades, o que nos torna únicos, singular. E aos outros.
- Ayllane Fulco
Ser frio
Sabe toda aquela conversa de "Fale o que pensa!", "Não guarde o que sente!"... Essas frases são ditas por pessoas que nunca sofreram uma decepção amorosa. Ou que já esqueceram como é passar por ela. Você ouve essas frases, enche o peito de coragem e diz as três palavrinhas mágicas "Eu te amo". E o que acontece? Nada! Simplesmente você é ignorada e toda a sua coragem se torna humilhação. Mas não por culpa do outro. Quer dizer... Não há culpa e nem culpados. Mas de toda essa história lamentável você aprende uma coisa: a ser fria.
Sim, ser fria. Você primeiro sofre. Chora rios. Mas depois levanta a cabeça, com a convicção de que jamais cometerá o mesmo erro. Recompõe-se, arruma a roupa amontoada no corpo. Enxuga as lágrimas e bola pra frente!
O que se leva da decepção é o medo de não sofrer mais. Não criar expectativas mais. E nunca, nunca mesmo, achar que é especial pra alguém, e acima de tudo a não esperar nada de nada e nem de ninguém. Quem ganha nessa disputa invisível é aquele que não se permitiu ser. Ser transparente, ser de sentimento verdadeiro. E com o tempo você aprende que ser frio ganha mais. Sofre menos. E mesmo que isso não se chame liberdade, a frieza é uma prevenção pra qualquer sofrimento.
A primeira vez que o peito se despedaça em pequenas frações, demora juntar seus pedacinhos. E nunca fica inteiro novamente. Deixa marcas de que um dia foi quebrado. Mas você precisa ser forte. E saber que ignorar o fato não é solução, nunca se esqueça disso. Ignorar que sofreu, ignorar o outro, ignorar seus sentimentos... Isso não é cura, longe disso, é auto-opressão. O que é preciso é encarar a realidade como ela é, nua e crua, e depois de mergulhar profundamente na decepção e achar que chorou o bastante, pronto, é hora de levantar e superar, sem fingir, pois como diz Renato Russo "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira".
Muitos poderão achar que ser frio é uma opressão. E talvez seja isso mesmo. Mas do jeito que as coisas andam, sentir demais será um atraso de vida. Por que, sinceramente, se formos ficar tristes por tudo aquilo que nos comove, por menores ou maiores que sejam, nunca iremos caminhar sem se martirizar, dar um passo adiante na vida. Ficaremos sempre lamentando pelo leite derramado. Pelo trânsito barulhento. Pelas pessoas falsas. Pela demora na fila do caixa. Pelo corpo que não tem. Pelo dia que chove. Por amor dos que perderam. Pelo cargo que não conseguiu... E por aí vai.
Também não espero que as pessoas se tornem robôs, sem coração. Não me deixa feliz fazer esse texto. É triste e lamentável dizer que devemos ser frios se queremos sofrer menos. Por que, pode acreditar, pra mim é difícil ser assim. Esconder o sorriso ou uma lágrima. Ocultar verdades que meu coração teima em dizer. Falar que está tudo bem, que não espero por nada. E acima de tudo a não criar planos. Tenho uma certa neura com isso. Quero planejar minha vida do início ao fim, e acabo me frustrando com isso e aos outros também. Por isso escrevo esse texto para nós dois, eu e você, meu caro leitor.
Não me entenda mal. você pode e deve ser solidário com todos. Dar conselhos. Ser uma pessoa querida. Até porque uma pessoa amargurada incomoda, e muito, quem está ao seu redor.
E quando afirmo que deve ser frio, estou me referindo ao fato de que não deve criar expectativas, você nunca sabe ao certo em que território está metido. Demonstrar afeto é essencial, é humano (ou deveria ser), mas tenha cuidado pra quem está demonstrando-o. Quando se entrega o coração a alguém, você está permitindo que faça o que quiser com ele, então depois não se lastime, você doou seu coração. Por isso, meu último conselho é: deixa o coração em seu próprio peito. Se ele quer dançar e saltar em valsas, deixe-o, ele tem vida própria, eu sei. Mas não o entregue a ninguém, (a não ser aos filhos, é claro), pois ele é seu. Assim como seus rins, seu pâncreas, seus olhos... Você pode até emprestá-lo, mas saiba que nem todo mundo tem o bom hábito de devolvê-lo inteiro. Isso quando ainda devolve.
Sim, ser fria. Você primeiro sofre. Chora rios. Mas depois levanta a cabeça, com a convicção de que jamais cometerá o mesmo erro. Recompõe-se, arruma a roupa amontoada no corpo. Enxuga as lágrimas e bola pra frente!
O que se leva da decepção é o medo de não sofrer mais. Não criar expectativas mais. E nunca, nunca mesmo, achar que é especial pra alguém, e acima de tudo a não esperar nada de nada e nem de ninguém. Quem ganha nessa disputa invisível é aquele que não se permitiu ser. Ser transparente, ser de sentimento verdadeiro. E com o tempo você aprende que ser frio ganha mais. Sofre menos. E mesmo que isso não se chame liberdade, a frieza é uma prevenção pra qualquer sofrimento.
A primeira vez que o peito se despedaça em pequenas frações, demora juntar seus pedacinhos. E nunca fica inteiro novamente. Deixa marcas de que um dia foi quebrado. Mas você precisa ser forte. E saber que ignorar o fato não é solução, nunca se esqueça disso. Ignorar que sofreu, ignorar o outro, ignorar seus sentimentos... Isso não é cura, longe disso, é auto-opressão. O que é preciso é encarar a realidade como ela é, nua e crua, e depois de mergulhar profundamente na decepção e achar que chorou o bastante, pronto, é hora de levantar e superar, sem fingir, pois como diz Renato Russo "mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira".
Muitos poderão achar que ser frio é uma opressão. E talvez seja isso mesmo. Mas do jeito que as coisas andam, sentir demais será um atraso de vida. Por que, sinceramente, se formos ficar tristes por tudo aquilo que nos comove, por menores ou maiores que sejam, nunca iremos caminhar sem se martirizar, dar um passo adiante na vida. Ficaremos sempre lamentando pelo leite derramado. Pelo trânsito barulhento. Pelas pessoas falsas. Pela demora na fila do caixa. Pelo corpo que não tem. Pelo dia que chove. Por amor dos que perderam. Pelo cargo que não conseguiu... E por aí vai.
Também não espero que as pessoas se tornem robôs, sem coração. Não me deixa feliz fazer esse texto. É triste e lamentável dizer que devemos ser frios se queremos sofrer menos. Por que, pode acreditar, pra mim é difícil ser assim. Esconder o sorriso ou uma lágrima. Ocultar verdades que meu coração teima em dizer. Falar que está tudo bem, que não espero por nada. E acima de tudo a não criar planos. Tenho uma certa neura com isso. Quero planejar minha vida do início ao fim, e acabo me frustrando com isso e aos outros também. Por isso escrevo esse texto para nós dois, eu e você, meu caro leitor.
Não me entenda mal. você pode e deve ser solidário com todos. Dar conselhos. Ser uma pessoa querida. Até porque uma pessoa amargurada incomoda, e muito, quem está ao seu redor.
E quando afirmo que deve ser frio, estou me referindo ao fato de que não deve criar expectativas, você nunca sabe ao certo em que território está metido. Demonstrar afeto é essencial, é humano (ou deveria ser), mas tenha cuidado pra quem está demonstrando-o. Quando se entrega o coração a alguém, você está permitindo que faça o que quiser com ele, então depois não se lastime, você doou seu coração. Por isso, meu último conselho é: deixa o coração em seu próprio peito. Se ele quer dançar e saltar em valsas, deixe-o, ele tem vida própria, eu sei. Mas não o entregue a ninguém, (a não ser aos filhos, é claro), pois ele é seu. Assim como seus rins, seu pâncreas, seus olhos... Você pode até emprestá-lo, mas saiba que nem todo mundo tem o bom hábito de devolvê-lo inteiro. Isso quando ainda devolve.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
A-mar
- O que é amar?
- É a mulher do mar. O lado feminino das águas. Do percurso. São as ondas calmas e até as agitadas. O leva e trás. A calmaria de uma noite fria. A escaldante tarde de um dia de verão. É a mulher que está sempre presente. No mesmo lugar. Nem sempre nos mesmos ritmos, depende do vento, do momento. É onde se pode deixar o corpo flutuar. Mas também pode afogar. Depende de que mar você quer saber, de qual você quer se aprofundar. Nem todos são iguais. Uns são mais calmos, serenos. Outros são mais agitados, perturbados.
domingo, 25 de agosto de 2013
Estranha
Ela era tão infantil, mas achava-se madura o suficiente para viver sem se magoar. Ela não sorria alto, porque achava escandaloso demais. Ela não falava palavrões, porque não condizia com a forma correta de uma mulher se portar. Ela não ficava dando bola pros garotos, porque os achava tão imaturos. E quando ela gostava de alguém, não sabia como se comportar. Se ficasse calada, era falta de interesse. Se falasse, era oferecida. Então simplesmente ficava na sua, esperando que o outro tomasse uma atitude. Já esse outro, a considerava metida demais, que não queria se misturar por que se considerava superior. O que ele não sabia é que se misturar era o que ela mais queria. E só não conseguia por que não se achava igual aos outros e a ele, e isso não porque se considerava superior, e sim insegura. Insegura com o que vestia, com o que falava, com seus gostos antigos.
Ela continuou insegura e sozinha. Ele acreditando que ela era estranha. Ela passou a se considerar estranha. E com o tempo foi se tornando cada vez mais estranha. Cada vez mais muda. E ele continuou com sua vida, com sua liberdade. E ela ainda era estranha. Mudou o cabelo, tirou os óculos e aparelho, mudou a postura... Fez de tudo, mas continuou estranha. Sua estranhez não era como se pode imaginar, não era de fora pra dentro. Era de dentro pra fora. O seu ser era estranho e não importava o que ela fizesse para alterar, nem maquiagem resolvia. Todos concordavam com uma coisa: Ela era estranha.
Até que ela cansou de mudar. Deixou as maquiagens de lado. Largou mão de tentar ser igual aos outros. E se assumiu a alto e bom som que era estranha. Hoje ela continua estranha, o que não é de se espantar. Mas hoje ela se ouve mais, se conhece mais. Sabe que ser estranho não é ser amargo, é agridoce. E agridoce era o seu gosto. Ela não era doce como as demais, nem azeda como as restantes. Ela era agridoce. E isso a fazia se sentir melhor. Mais completa em sua ambiguidade. E os outros continuaram achando-a estranha. Mas já não era uma ofensa, era uma particularidade.
- Ayllane fulco
Pedra, papel ou tesoura?
Prazer, deixe-me apresentar quem sou, ou melhor, quantas sou. E aí você escolhe qual lhe agrada mais. Sou plural, diversas, preenchida por mais diversos sentimentos imaginais, e até mesmo os inimagináveis. Mas não confunda minha várias formas de ser com máscaras. Não! Eu sou real e todas as minhas formas também! Eu sei que é difícil acreditar que uma pessoa possa ser tão diferente em vários aspectos e momentos, e ainda assim ser uma só. Mas não é tanto uma questão de acreditar ou de imaginar, é uma questão de ser. Então fique à vontade para escolher qual de mim você quer se aprofundar. Também sinta-se à vontade para escolher e se identificar com alguns dos meus textos. Eles se contradizem, eu sei, mas é que tudo depende do estado emocional, de como eu estava pensando naquele exato momento de êxtase.
Primeiramente te faço uma pergunta "Pedra, papel ou tesoura?". Conforme sua resposta direi exatamente, ou quase, como sou. Supondo que tenha escolhido pedra... Pois bem, a própria palavra é clara. Eu tenho um dos meus "eus" rígido como pedra. Mas não se engane, eu sinto. Só estou muito cansado, fadigado com os seus sentimentos e pela cobrança imposta por eles, para que eu reaja de forma involuntária e inconsciente, como "Tudo bom?", "Tudo sim, e você?". Esse meu lado mais frio, não desejo que conheça, uma vez assim, dificilmente conseguirei sair desse meu eu em sua companhia. Mas não se assuste, conhecer esse meu lado requer bastante esforço e dedicação para me cansar ao extremo.
E agora, invertendo a ordem, vou supor que a resposta foi "tesoura". Assim como posso ser pedra, não é tão difícil para mim cortar o que não me agrada. Como as pessoas, as conversas, as risadas barulhentas, a ironia e o tédio. Gosto de pensar que sofro mutações, e comparando a palavra tesoura, com seu própria função, não é tão difícil de estabelecer uma ligação. Cortar os pensamentos não me são difíceis. Simplesmente me concentro em algo novo. E corto pra outra. Mudo. Renovo-me quantas vezes eu quiser e achar necessário. Até que não me reconheça mais. Corto meus vínculos, meu cabelo, meus pensamentos e da minha vida qualquer um que me desagrade. Ou seja, não tenha certeza sobre mim, eu posso amar, mas em pouco tempo posso ser indiferente.
Mas também posso ser papel. Posso ser frágil. Eu choro poucas vezes, mas as poucas vezes é intenso, é profundo. É lágrima que transborda feito água mais vapor numa panela fechada a tal pressão. Posso ser escrita, como uma rima, um verso, uma melodia. Mas também posso ser folha em branco. Incapaz de ser lida. Confesso que esse é meu lado mais discreto, que não permito conhecê-lo com tanta facilidade, para que não se apoderem de minha fragilidade e me rasquem ou amassem feito um rascunho qualquer.
Admito que me conhecer de verdade é impossível. Eu ainda estou tentando. Mas se tivesse que me comparar a um ser ou um objeto, diria que sou chuva. Palavra simples, mas de muitas consequências. Posso ser essencial, trazer alento. Ou posso destruir em pouco tempo. Posso mudar a estação conforme a minha intensidade, e só cabe a você se proteger dela com um guarda-chuva, ou se atirar enquanto tiver chovendo.
É fácil, não?
A vida é provisória, correto?! Então tudo é provisório, assim como as pessoas são. A partir do momento que você entender isso boa parte dos motivos que o levam a sofrer vão cessar. É simples. Mas não significa que é prático. Requer muitos esforços para acreditar e acima de tudo para colocar esse plano em prática, pra valer.
Ao invés disso nos adaptamos tão facilmente à alguém. E acreditamos que esse alguém nos tocou de alguma forma, fez algum sentido naquele momento. E depois, por fim, descobrimos que estávamos errados. Que foi apenas uma criação, sensação momentânea, uma certa importância em nossa tão fértil mente.
Seria tão bom se pudéssemos adequar nosso sistema emocional. Ligar ou desligar alguém. Essencial ou indiferente. Provisório, sem compromisso. Nos adaptar a um ficar sem compromisso, sem se preocupar ou ter a mínima sensibilidade de saber se o outro está bem. Se dormiu bem. Se chegou em casa sã e salvo. Se gostou ou não. Simplesmente curtem as pessoas como se curte um dia de verão. É aquele velho clichê "deixa a vida te levar". Difícil se entregar assim à vida, não? Não?! É verdade, hoje é fácil. É fácil fingir que esqueceram o coração em casa. É fácil ser frio como um gelo no outro dia. E mais fácil ainda é se aproximar desse alguém nos momentos de carência, de beijos.
Seria tão bom se pudéssemos adequar nosso sistema emocional. Ligar ou desligar alguém. Essencial ou indiferente. Provisório, sem compromisso. Nos adaptar a um ficar sem compromisso, sem se preocupar ou ter a mínima sensibilidade de saber se o outro está bem. Se dormiu bem. Se chegou em casa sã e salvo. Se gostou ou não. Simplesmente curtem as pessoas como se curte um dia de verão. É aquele velho clichê "deixa a vida te levar". Difícil se entregar assim à vida, não? Não?! É verdade, hoje é fácil. É fácil fingir que esqueceram o coração em casa. É fácil ser frio como um gelo no outro dia. E mais fácil ainda é se aproximar desse alguém nos momentos de carência, de beijos.
Difícil mesmo é pra mim e pros outros que pensam e sentem igual. Difícil se adaptar a liberdade por completo. Mas sim, é preciso. Ou melhor, é fundamental, é uma questão de sobrevivência. Fingimos ser frio, deixamos em casa o coração, escancaramos um sorriso malicioso no rosto e compactuamos com a tal falta de compromisso um com o outro. E assim levamos a vida mais facilmente. Aprendemos a sofrer menos. A simplesmente apertar o botão do "Foda-se" pro outro.
Incrível como somos adaptáveis, não?! Relaxa, um dia você aprende, é fácil, só requer um pouco de prática.
Decidi viver conforme o meu ritmo, o meu pulsar
Eu era uma pessoa que media consequências, andava na linha, politicamente correta. Fala apenas coisas que tinham sentido, com nexo e coesão. Criticava a modernidade. Não falava palavrões. Não ficava em recuperação. Não me declarava.Vivia em dois mundo paralelos, ora a poetisa, ora sem sentimentos. Tudo isso como uma forma de não me machucar. Ficar dentro de um casulo intocável.Incapaz de ser transparente. De ser vista. De ser lida. De ser livre. De expor o que eu verdadeiramente sentia, sem dar tanto valor para as opiniões alheias.
Mas o tempo me fez perceber que eu estava errada. Que pra acertar é preciso errar antes, e se não agora, seria lá pra frente, e depois seria mais difícil de se recuperar. Tive que abrir mão da minha total sanidade e comodismo. Tive que me permitir ouvir ideias opostas, de falar o que eu penso, naquele exato momento. De dar risadas bobas. De me arriscar no desconhecido. Resumindo: Tive que me permitir aos possíveis erros, sem sentir culpa ou remorso por isso.
Depois de tanto tempo vivendo de forma fria e calculista, chega um momento em que se torna chato demais. E aí a necessidade de se atirar por completo no irreal bate a porta, ou melhor, escancara a porta, não te deixando pensar duas vezes antes de se atirar por ela, correndo e de braços aberto.
Podem dizer que estou sendo radical demais. Mas e daí?! Dane-se! O que eu quero mesmo é errar o quanto eu ainda puder errar. Falar o que eu penso, enquanto me convém. Não medir consequências algumas. Pois eu decidi viver conforme o meu ritmo, o meu pulsar.
- Ayllane Fulco
Pensamentos...
Estou pensando em desistir de escrever. Sim, desistir. Comecei a perceber
que as palavras se vão, como folhas ao vento. E não quero deixar-me ir nas
folhas. Eu quero deixar-me ir no que é real, palpável, visível.
que as palavras se vão, como folhas ao vento. E não quero deixar-me ir nas
folhas. Eu quero deixar-me ir no que é real, palpável, visível.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Hoje eu só queria...
Hoje eu só queria dormir bem,
acreditar que a vida pode ser mais tranquila,
mais simples do que as pessoas imaginam.
Hoje só quero deixar de pensar.
Falar um pouco mais alto.
Hoje eu só queria que as pessoas fossem mais transparentes,
que as palavras fossem mais verdadeiras,
e assim a vida teria mais sentido, ou melhor,
seus dias ao menos fariam sentido.
Não seriam apenas cenas sem nexo.
acreditar que a vida pode ser mais tranquila,
mais simples do que as pessoas imaginam.
Hoje só quero deixar de pensar.
Falar um pouco mais alto.
Hoje eu só queria que as pessoas fossem mais transparentes,
que as palavras fossem mais verdadeiras,
e assim a vida teria mais sentido, ou melhor,
seus dias ao menos fariam sentido.
Não seriam apenas cenas sem nexo.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Queria que soubesse
Queria preencher sua vida com palavras doces, como "não chore, não sofra..." e por aí vai... Mas devo lamentar que minha boca está amarga demais. Meu romantismo pulou do sexto andar. Meu sentimentalismo bateu a porta em minha cara. E até meu cachorro me abandonou. Queria que você soubesse que estou vi... Bem, não, não quero que saiba que estou viva. Simplesmente quero ser uma sombra, um vulto qualquer em sua mente. Preciso dizer pra mim mesma, você fez o bastante, você tentou ao máximo, não é sua culpa querida. Mas não consigo me ouvir tão facilmente. Parece até que minha mente ligou a rádio no volume máximo, não consigo nem ouvir minha própria voz... Espere! Eu ainda não terminei! Não, você não irá escapar tão facilmente, a chave está comigo, eu a escondi. Então permaneça aqui e me ouça,mesmo sem a sua vontade, não me importo! Só quero um ouvido, ou melhor... Dois, pois nem as paredes querem me ouvir!
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