Prazer, deixe-me apresentar quem sou, ou melhor, quantas sou. E aí você escolhe qual lhe agrada mais. Sou plural, diversas, preenchida por mais diversos sentimentos imaginais, e até mesmo os inimagináveis. Mas não confunda minha várias formas de ser com máscaras. Não! Eu sou real e todas as minhas formas também! Eu sei que é difícil acreditar que uma pessoa possa ser tão diferente em vários aspectos e momentos, e ainda assim ser uma só. Mas não é tanto uma questão de acreditar ou de imaginar, é uma questão de ser. Então fique à vontade para escolher qual de mim você quer se aprofundar. Também sinta-se à vontade para escolher e se identificar com alguns dos meus textos. Eles se contradizem, eu sei, mas é que tudo depende do estado emocional, de como eu estava pensando naquele exato momento de êxtase.
Primeiramente te faço uma pergunta "Pedra, papel ou tesoura?". Conforme sua resposta direi exatamente, ou quase, como sou. Supondo que tenha escolhido pedra... Pois bem, a própria palavra é clara. Eu tenho um dos meus "eus" rígido como pedra. Mas não se engane, eu sinto. Só estou muito cansado, fadigado com os seus sentimentos e pela cobrança imposta por eles, para que eu reaja de forma involuntária e inconsciente, como "Tudo bom?", "Tudo sim, e você?". Esse meu lado mais frio, não desejo que conheça, uma vez assim, dificilmente conseguirei sair desse meu eu em sua companhia. Mas não se assuste, conhecer esse meu lado requer bastante esforço e dedicação para me cansar ao extremo.
E agora, invertendo a ordem, vou supor que a resposta foi "tesoura". Assim como posso ser pedra, não é tão difícil para mim cortar o que não me agrada. Como as pessoas, as conversas, as risadas barulhentas, a ironia e o tédio. Gosto de pensar que sofro mutações, e comparando a palavra tesoura, com seu própria função, não é tão difícil de estabelecer uma ligação. Cortar os pensamentos não me são difíceis. Simplesmente me concentro em algo novo. E corto pra outra. Mudo. Renovo-me quantas vezes eu quiser e achar necessário. Até que não me reconheça mais. Corto meus vínculos, meu cabelo, meus pensamentos e da minha vida qualquer um que me desagrade. Ou seja, não tenha certeza sobre mim, eu posso amar, mas em pouco tempo posso ser indiferente.
Mas também posso ser papel. Posso ser frágil. Eu choro poucas vezes, mas as poucas vezes é intenso, é profundo. É lágrima que transborda feito água mais vapor numa panela fechada a tal pressão. Posso ser escrita, como uma rima, um verso, uma melodia. Mas também posso ser folha em branco. Incapaz de ser lida. Confesso que esse é meu lado mais discreto, que não permito conhecê-lo com tanta facilidade, para que não se apoderem de minha fragilidade e me rasquem ou amassem feito um rascunho qualquer.
Admito que me conhecer de verdade é impossível. Eu ainda estou tentando. Mas se tivesse que me comparar a um ser ou um objeto, diria que sou chuva. Palavra simples, mas de muitas consequências. Posso ser essencial, trazer alento. Ou posso destruir em pouco tempo. Posso mudar a estação conforme a minha intensidade, e só cabe a você se proteger dela com um guarda-chuva, ou se atirar enquanto tiver chovendo.
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