terça-feira, 20 de agosto de 2013

Crise existencial


Se formos pensar bem, bem mesmo, sobre nossa vida, todo o percurso, como uma cronologia, perceberemos que não passa de alguns minutos, com detalhes duvidosos em nossa mente. Então parei um pouco, respirei fundo, tomei uma xícara de café quente e fui me aprofundando na velha crise existencial. Percebi que a vida está passando debaixo de nossos olhos, de nossos travesseiros, de nossas despedidas... Ao nosso redor. E feito bobos, permanecemos intactos ao tempo e circunstâncias, batemos no peito e pensamos "sou forte, permaneço o mesmo", como se isso fosse um mérito. Não digo que seus valores devam ser alterados, se os mesmos forem dignos, mas permanecer parado enquanto a vida corre é lamentável. Simplesmente lamentável. Ou ficamos sentados numa cadeira acolchoada, mentindo para nós mesmo que somos felizes ou que felicidade é apenas uma teoria. Ou corremos atrás da mesma, mesmo que não a encontremos por inteiro, mas só de farejar, transpirar, respirar, sentir a chuva, correr numa ventania, ir em caminhos contrários, nos deixar ir por onde achamos perigoso é preciso, isso significa que estamos vivendo, e não só existindo. E as ideias borbulham em minha mente neste exato momento, como um redemoinho de vontades, desejos e metas. E até mesmo pelo desconhecido, o mistério, o invisível, a falta de planos quaisquer. Mas quando percebo meu rosto cansado, fadigado. Levanto da cadeira , vou ao banheiro lavar o rosto, esperançoso que a água seja uma solução. Enquanto a água desliza por meus dedos, percebo que estou cansado demais, velho demais, que meu rosto já não é o mesmo. Enxugo-o com uma toalha limpa, volto a sentar na velha cadeira, bebo mais um gole de café, esse já frio, me dando conta que na realidade as palavras são bonitas demais, nos contagia e anima, como a fé nos desesperados. Mas depois se esvaem, cabisbaixas, de mansinho, se retiram de nossa mente. E depois só resta um vazio, que preenche cada espaço de nosso corpo, nos impedindo de levantar da cadeira. E ficamos ali. Taciturnos, vendo pela janela a chuva cair...

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