Eu era uma pessoa que media consequências, andava na linha, politicamente correta. Fala apenas coisas que tinham sentido, com nexo e coesão. Criticava a modernidade. Não falava palavrões. Não ficava em recuperação. Não me declarava.Vivia em dois mundo paralelos, ora a poetisa, ora sem sentimentos. Tudo isso como uma forma de não me machucar. Ficar dentro de um casulo intocável.Incapaz de ser transparente. De ser vista. De ser lida. De ser livre. De expor o que eu verdadeiramente sentia, sem dar tanto valor para as opiniões alheias.
Mas o tempo me fez perceber que eu estava errada. Que pra acertar é preciso errar antes, e se não agora, seria lá pra frente, e depois seria mais difícil de se recuperar. Tive que abrir mão da minha total sanidade e comodismo. Tive que me permitir ouvir ideias opostas, de falar o que eu penso, naquele exato momento. De dar risadas bobas. De me arriscar no desconhecido. Resumindo: Tive que me permitir aos possíveis erros, sem sentir culpa ou remorso por isso.
Depois de tanto tempo vivendo de forma fria e calculista, chega um momento em que se torna chato demais. E aí a necessidade de se atirar por completo no irreal bate a porta, ou melhor, escancara a porta, não te deixando pensar duas vezes antes de se atirar por ela, correndo e de braços aberto.
Podem dizer que estou sendo radical demais. Mas e daí?! Dane-se! O que eu quero mesmo é errar o quanto eu ainda puder errar. Falar o que eu penso, enquanto me convém. Não medir consequências algumas. Pois eu decidi viver conforme o meu ritmo, o meu pulsar.
- Ayllane Fulco
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