Escrevo agora meu último texto antes de ser maior de
idade, não que isso venha alterar muita coisa, sempre me convenceram que eu era
uma idosa no corpo de uma menina. Ou seja, nunca fui dona da minha verdadeira
idade. Mas voltando ao assunto, sem ter ao certo o que escrever, já que minha
vida sempre foi muito redundante, eu até pensei em falar sobre ela, para que
quando eu lembrasse da minha menor idade (como se isso fosse grande coisa)
eu pudesse ler esse texto, pois do jeito que estou, nem lembro bem o que
almocei hoje, quiçá minha vida até meus 17 anos. Mas farei um breve esforço...
Pois bem, sempre fui aquela garotinha tímida, que estudava muito e obediente,
paparicada pelos professores, isso até a 7º série, quando mudei de colégio, até
então eu estudava, mas já não era paparica mais... Porém quando chego a 8º
série decido morar na casa da minha tia, no interior de Alagoas, na cidade de
Arapiraca, eu sempre gostei de rock, mas minha aparência não era tal, só que
com toda essa mudança e andando com minha prima, que também gostava de rock,
foi apenas um empurrãozinho. Esse tempo foi um dos melhores da minha vida tão
monótona, pintávamos os olhos com delineador preto, usávamos roupas diferentes,
cabelos pintados e tínhamos colocado piercing escondidas(como mostra uma foto minha ao lado, nesse ano de 2009), é uma longa história,
um dia hei de contá-la com mais detalhes. Foi um tempo um tanto radical, mesmo
que muitos tivessem acreditado em nossa mudança interna, no fundo eu permanecia
a mesma menina tímida que gostava de ler (nesses seis meses em Arapiraca foi o
tempo que mais li, meu tio tem um quarto dos sonhos, preenchidos de livros
variados, eu sempre lia um com a vontade imensa de ir naquele quarto mágico e
buscar por mais uma aventura). Depois que esses longos seis meses se passaram, eu
voltei para Maceió, pra vida parada, abandonei as velhas roupas, os velhos
costumes, me adaptei à neutralidade. Voltara a ser apenas uma garota comum,
vestes comuns, cabelo comum. Hoje eu continuo comum. E quanto mais tempo vou
passando, mais me convenço que minha vida se resumiu grande parte em seis
meses, esses que me fizeram amadurecer como se fossem dez anos passados.
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