terça-feira, 23 de outubro de 2012

Mundo

Tenho o mundo em minhas mãos
E ainda acredito não ser dona de nada
Enquanto já possuo o todo em mim.
                 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Drama

     Meu dramatismo me sufoca, me atira pela janela, escancara a porta, dá um tiro pela culatra, me mata de exageros, me transforma em hipérbole.

Nada Mais Que Confusão


        Minutos e mais minutos pensando no quê escrever, mas qualquer assunto torna-se tolo ou cansativo demais. As palavras vão fugindo junto com minha empolgação de escrever, mas afinal, por que estou escrevendo? Se nem sei o que escrever ou se quero ser lida, ou melhor, não sei o porquê de escrever se nem devo ser lida. Então fico feito bobo da corte, só que sem rei, sem corte. Daí eu percebo que o prazer de escrever já não é o bastante pra mim. São apenas palavras soltas. Sem nexo. Sem ligações. Sem público. Artista ou pessimista? É dúvida que me assola. Sinto-me vazia com esses momentos de ser ou não ser. De sentir ou não sentir. Quem sou eu, então? Se artista fosse, por que não tenho arte para contemplar? Tudo é nostalgia. Tudo é apenas um momento que me aparece, feito a surpresa de um assalto, num piscar de olhos, o fim. Mas depois de tantas delongas, só restam ideias soltas, um texto confuso, uma autora pessimista, e arte? Quem se importa?! Ninguém mais sabe o que esta significa! Triste Fim de Ayllane Fulco!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Por Que Diacho Faz Isso Comigo?


      Às vezes dá vontade de roubar-lhe o tempo. Esse que é tão corrido, me deixando tão só. Às vezes dá vontade de roubar-lhe os olhos, esses que são tão calmos e mansos. Às vezes dá vontade de roubar-lhe aos poucos, para que não percebas minha ousadia. Mas às vezes quero roubar-lhe por inteiro, sem espera, sem controvérsias e desculpas. É vontade insaciável de presença. É um descontentamento intenso. É querer, sem antes pedir.
     Que mal há no te querer? Por que não posso simplesmente ser dona de seus segundos, estes pequenos e ternos segundos? Não faço questão dos dias, nem tão pouco de teu tempo por inteiro, pequenos segundos me são satisfatórios, se puder tê-los comigo, nem que seja em pequenas recordações, em flashes de saudades.
     Não percebes que te espero? Sou como deserto em busca de chuva, minha esperança é meu consolo, a forma que tenho de me conformar com tua ausência, com poucas palavras, raros pensamentos. Mas quando tu surges em meio ao vazio, tento me conter de felicidade, para que tu não a note. Desfaço-me em mil faces, essas que são indiferentes pra ti.
    O teu silêncio me surge em desespero, chegando a imaginar os motivos pelos quais permanece assim, tão frio... E quando menos anseio, em minha surpresa, tu renasces, provocando-me confusão, transformando as cores frias em quente... Ora! Por que diacho tu faz isso comigo? Por que não podes simplesmente aparecer e permanecer? Insiste nessa pressa de oscilar meu coração, tu não tens remorso do que faz comigo?!

domingo, 7 de outubro de 2012

Mudança


       Depois de um tempo você descobre que o bom, não é tão bom assim; que o ruim, pode ser bom; que o correto, pode ser errado, e vice-versa. O tempo traz consigo um aprendizado: Que nossa forma de ver o mundo é tão incerta, as nossas classificações são meras, e que nada é constante, inalterável. Nós mudamos e iremos sempre mudar, e isso não significa algo ruim, apenas nos transformamos com o decorrer dos dias, das conversas e experiências.

Caminhos Contrários

       Mesmo com uma corda no peito, a boca seca, e os olhos cansados, é preciso nos deixar ir a caminhos contrários, abrir mão do que não é nosso, do que possui vida própria. Deixar que o outro siga em um caminho diferente do seu e isso lhe requer muitos esforços, como a coragem de dizer adeus, de abandonar lembranças e convívios, em prol dos dois. Mas isso não significa esquecimento, mesmo que haja distância necessária para cada um reconstruir suas estradas, e durante esse tempo não exista contato, o que ficou tornou-se eterno, nem o tempo, caminhos e distâncias conseguem destruir.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Último Dos 17


        Escrevo agora meu último texto antes de ser maior de idade, não que isso venha alterar muita coisa, sempre me convenceram que eu era uma idosa no corpo de uma menina. Ou seja, nunca fui dona da minha verdadeira idade. Mas voltando ao assunto, sem ter ao certo o que escrever, já que minha vida sempre foi muito redundante, eu até pensei em falar sobre ela, para que quando eu lembrasse da minha menor idade (como se isso fosse grande coisa) eu pudesse ler esse texto, pois do jeito que estou, nem lembro bem o que almocei hoje, quiçá minha vida até meus 17 anos. Mas farei um breve esforço... Pois bem, sempre fui aquela garotinha tímida, que estudava muito e obediente, paparicada pelos professores, isso até a 7º série, quando mudei de colégio, até então eu estudava, mas já não era paparica mais... Porém quando chego a 8º série decido morar na casa da minha tia, no interior de Alagoas, na cidade de Arapiraca, eu sempre gostei de rock, mas minha aparência não era tal, só que com toda essa mudança e andando com minha prima, que também gostava de rock, foi apenas um empurrãozinho. Esse tempo foi um dos melhores da minha vida tão monótona, pintávamos os olhos com delineador preto, usávamos roupas diferentes, cabelos pintados e tínhamos colocado piercing escondidas(como mostra uma foto minha ao lado, nesse ano de 2009), é uma longa história, um dia hei de contá-la com mais detalhes. Foi um tempo um tanto radical, mesmo que muitos tivessem acreditado em nossa mudança interna, no fundo eu permanecia a mesma menina tímida que gostava de ler (nesses seis meses em Arapiraca foi o tempo que mais li, meu tio tem um quarto dos sonhos, preenchidos de livros variados, eu sempre lia um com a vontade imensa de ir naquele quarto mágico e buscar por mais uma aventura). Depois que esses longos seis meses se passaram, eu voltei para Maceió, pra vida parada, abandonei as velhas roupas, os velhos costumes, me adaptei à neutralidade. Voltara a ser apenas uma garota comum, vestes comuns, cabelo comum. Hoje eu continuo comum. E quanto mais tempo vou passando, mais me convenço que minha vida se resumiu grande parte em seis meses, esses que me fizeram amadurecer como se fossem dez anos passados.

Dia De Azar!


         Sabe aquele dia que tudo dá errado? Seu despertador não toca, você acorda atrasado, o cabelo revoltado, que nem escova resolve! Dai você decide sair de casa, mesmo estando uma desgraça, e quando atravessa a pista vem um carro desembestado e lhe dá um banho d'água! Ou melhor, quando já atrasado, na esquina do ponto de ônibus vê aquele que só passa em cada meia hora, ali, parado, mas preste a ir embora. Você desesperado que está, corre, dando sinal para o motorista esperar, ele simplesmente vira o rosto e vai embora, nessa hora sua raiva está tão grande, que você só não o chama de bonito, por que o resto já saiu explodindo da boca há muito tempo.
         Até aí tudo bem, nada que nunca tivesse acontecido com alguém... Você chega ao lugar que queria, depois de quase uma hora atrasado, se for no trabalho, teu chefe já está vermelho, cara fechada e resmungando da demora, se for na escola, o coordenador já está te ameaçando de deixar de fora na próxima vez. Você vai querendo esquecer que teve um começo de dia ruim, até que sente aquele mau cheiro... Porra, seu sapato está sujo de cocô de cachorro, naquela hora você pensa “o que poderia piorar?!”, corre para o banheiro ou uma ala de limpeza, mas já ouviram aquele velho ditado “merda quando mais mexe mais fede”? Pois é. Até que seu nariz já se acostuma com aquele cheiro e você vai torcendo que sua manhã acabe logo e vá junto seu azar do dia. Mas não tem jeito, acordou com o pé esquerdo. No final do dia, indo para a casa, já frustrado com o péssimo dia, é assaltado no meio do caminho, por dois garotões, levam o seu notebook dividido em 12 vezes e seu celular que acabou de pagar. Aquilo poderia doer mais se fosse um dia qualquer, mas do jeito que estava indo, aquilo já era previsto, e a sua única vontade era de chegar a casa e deitar-se com o pé direito. Quando finalmente chega em casa, que abre a porta, tudo parecia tranquilo, tudo calmo e limpo. Resolve tomar um banho quente, quando liga o chuveiro elétrico descobre que está queimado, que sua única opção é um banho de água fria, mas se contenta, ora, dos males o menor, e se atira na água fria. Depois do banho, quando vai se deitar, se previne antes, se joga naquela cama convidativa e tão aconchegante com o pé direito, para que seu azar fosse embora, até que sua maldita campainha toca, parecendo mais uma sirene, você reluta em ir, quase chama seu cachorro para abrir a porta, mas lembra-se depois que ele é só um animal. Levanta com tanta raiva, falando palavrões até com os pais daquela pessoa desconhecida que se encontrava na espera, quando de repente abre a porta, adivinha? Era um vendedor de cosméticos! Você quase bate a porta na cara dele, mas o vendedor já acostumado com esses acontecimentos, é mais rápido, em um piscar de olhos já se encontra na sala, tirando dentro de sua enorme bolsa, vários cremes. Você abre a boca e diz “não estou interessado em nenhum produto! Você pode se retirar da minha casa agora!”, depois de tanto repetir essa frase o vendedor se convence de ir embora. E finalmente vai deitar-se, quando se atira na cama, já deitado, é que nota que seu último passo antes de se atirar foi com o pé esquerdo, e se derrama em choro, já pressentindo o péssimo dia de amanhã.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Apesar De...


       Meu bem, abra as janelas. Ouça os pássaros. Olhe para o céu. Levante-se da cama. Vista uma roupa. Dê bom dia aos desconhecidos. Abrace os íntimos. Recolha o lixo. Jogue fora o lixo. Depois se limpe. Canta uma música. Rasgue o verbo. Grite cada vez mais alto. Abra os braços. Corra. Fuja feito pássaro. Fale palavrões. Liberte-se. Viva. Ame. Depois esqueça e ame de novo. E de novo. Não pare. Não diga não. Apenas ande, se puder salte. Salte entre pedras no meio do caminho. Mas não recolha as pedras. Deixe-as intactas, para trás. E por fim, viva. Viva apesar de...
                                                                            
                                                                           

Eu É Que Não Gosto De Você

      Quantas vezes queremos mentir para o mundo para conseguirmos fazer com que os outros acreditem, mas principalmente a nós mesmos, na mentira? Quantas vezes abrimos a boca e cuspimos palavras estúpidas enquanto o coração está saltando em paixão? Quantas vezes culpamos o outro, quando na verdade sabemos que o erro foi nosso?

        Amor, amor, amor... Quando não correspondido, nos atira em tamanha loucura, perdemos a noção de tempo e espaço, cada dia em ausência é feito uma eternidade, cada espaço sem presença é vazio e triste. E quando achamos ou queremos achar, que estamos bem, não precisamos de ninguém e que superamos tudo, de repente aquela pessoa te revira à cabeça, surge diante de nossa mentira, nos fazendo render diante dela. É aí que a frase “mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira” sobrevém diante de nossos olhos.
           Não adianta gritar aos muros e telhados, nem sussurrar em minha mente, tentar me convencer das atrocidades que venho tentando criar, das histórias forjadas e nem das recordações que reluto em esquecer... Diacho que não sai! É feito parasita!
          Um dia após outro, um tempo esperançoso, essa é a cura que nos aconselham. Esquecer, esquecer. Mas como faço para fugir da armadilha que construí? Como faço para seu nome não aparecer nas noites que tento dormir? E quando digo para mim mesmo que não me importo mais com você, que tudo não passou de um momento efêmero e que estou bem, como faço para acreditar em tudo isso? Como faço para acelerar o tempo, se esse parece não gostar de mim? E como faço para tornar momentos incríveis em pura casualidade?
          Enquanto não fabricarem uma vacina antipaixão, eu continuarei amando, por que este meu pobre coração se apega tão facilmente as pessoas. Ele não me obedece, não escuta nem a minha voz, prefere ir fundo, encarar o mundo e depois de tanto saltar em dança, ele se recolhe triste, fazendo-me temer com sua saúde. Pobre coração, acredita em sonhos.