sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Solidão, A Maior Companheira.


        Chega um momento em que a solidão preenche cada espaço vazio, torna-se nossa maior cúmplice, dividimos com ela cada tristeza, pensamento e memória que aflige nosso âmago. Nesse momento não há pessoa melhor, a qual conseguisse nos compreender tão bem, sem julgamentos ou conselhos, apenas com seu completo silêncio, silêncio esse que nos acalma, acolhe feito mãe a um filho, sem intenções, sem obrigações e sem palavras. É uma voz muda, um beijo de brisa, um estar só completo, trazendo consigo o prazer da solidão, o prazer de sentir-se única, poder ouvir no silêncio sua própria respiração, seu coração pulsar e não conter o pensamento que flui sem ninguém para atrapalhar. Solidão, solidão, solidão. É um parente que chega sem avisar, abre a porta sem bater, nos lança em nosso mais profundo “eu”, sem querer nada em troca, nem uma conversa fiada, nem um “bom dia” mal dito, nem a presença vazia de um corpo. Há muito tempo a palavra solidão me intrigava, depois passei a aceitá-la, tornou-se com o passar dos anos minha maior companheira, maior cúmplice, minha inspiração, deixou de ser uma palavra e virou gente, hoje ela é essencial à minha desprezível existência. Eu a vejo pelos cantos dos lugares que frequento, pelas bordas dos poemas, nos tons musicais que saem do meu velho violão. É onde me refugiu da pressa, das pessoas inoportunas, da fúria e dos barulhos que teimam a abandonar-me, é o meu universo particular, é a liberdade de emoções, é quando não me sinto antiquada ao chorar, nem sentimentalista demais por amar. O que seria do meu existencialismo sem essa mansidão? Sem esse espaço vazio que posso me acolher na forma que eu mesma achar melhor? Que posso dançar sem ser vista, cantar sem ninguém para rir, chorar sem ter que ouvir “não fique triste”. Minha companheira das noites frias, caladas e vazias, dos soluços incontroláveis que acompanham o choro triste e profundo, o que transborda tão livremente, feito água límpida que jorra da cachoeira. É fundo, profundo, taciturno. É solidão, alma, coração.
                                                                                                       

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