As pessoas são livres. Isso é fato, está concretizado e até mesmo positivado. Mas por que é que vivemos sempre presos a algo ou alguém? A partir do momento que essa verdade fizer presente no seu ser, o medo não fará mais sentido, por que a liberdade é o oposto do medo.
As pessoas têm medo de ficar sozinhas. As pessoas têm medo de quebrar as algemas. As pessoas têm medo da liberdade, de ser e deixar ser. Medo... Até quando será o senhor dos homens e das mulheres?
Se todo mundo soubesse que ser livre e deixar ser, é fundamental para um amor saudável, as pessoas sofreriam menos. O que é preciso saber e deixar claro em mente, é que as pessoas são livres, nascem sozinhas, caminham com os próprios pés e não deixam de existir por quê estão sozinhas. Prender alguém em si, por medo da solidão, é egoísmo, longe de amor.
E o mais importante, a liberdade consiste no indivíduo está no mundo, sujeito às mudanças externas e internas, ninguém é constante, inalterável. E isso também é liberdade. Culpar-se ou culpar o outro, por amor ou desamor, é pura ingenuidade ou forma de pretensão, pois mais uma vez a palavra liberdade é evidente num contexto social, já que as pessoas são livres e seus sentimentos também. Ninguém nasce preso ao outro e nem deve ser sacrificado à eternidade pela força do hábito ou comodismo, e nem muito menos pelo medo. Isso de alma gêmea, a metade da laranja, não deve se servir de desculpa para o sofrimento e busca incansável pelo amor perfeito e solidificado. Ninguém deve carregar aos ombros o peso de um amor idealizado.
No fim de tudo, ou você se liberta de suas algemas ou alguém aparece e o aprisiona por completo.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Ambos no velório
Morreu. De morte morrida ou de morte matada? Eu ainda não sei. Vai ver que foi morte morrida mesmo, mas ambos teimam a acreditar, cada um culpando o outro de assassinato. Mas o fato foi dado: Morreu. E a sentença? É aceitar. Sim, aceitar e sem questionar. Esse foi o acordo daquele dia, ambas as partes concordaram, mas também se um não concordasse, não teria mudança alguma. Estaria morto de qualquer jeito. Por que era preciso ser em par. Eu sei, é triste ver a morte de alguém que era tão próximo, vendo-o dentro do túmulo que se fecha diante dos próprios olhos, e o que se pode fazer?! Nada... O corpo se inclina, as lágrimas caem, o gosto amargo fica pairando na boca, enquanto você se despede pela última vez. E lá se foi um ente próximo, que fez-se distante. E por lá, enterrado ficou, talvez fosse um filho ou apenas um animal de estimação. Mas ambos sabiam de sua morte, ambos estavam cientes disso. Ambos arcaram com o custo do velório e com todos os "pêsames", e insensivelmente também tiveram de ouvir "já estava na hora". Mas o fato é: estava sendo enterrado, o que já estava morto. Depois das despedidas, ambos deram as costas um para o outro, seguiram em caminhos opostos. E com o tempo, ambos esqueceram a perda.
- Ayllane Fulco
domingo, 3 de novembro de 2013
Ausência concreta
Sabe o que é ter vontade de algo e não saber ao certo o que é? Ou melhor, ter a intuição de que falta algo. Ter a sensação permanente de ausência concreta. Ter e não ter. Ausência com contragosto de excesso. Loucura?! Talvez. Sabe o que é precisar sentir ausência? É que a harmonia enjoa. Uma hora ou outra, cansa. Sentir-se completo é desumano. É metafísico demais. Então fico aqui com minhas faltas e excessos, perfeita desarmonia humana. Com gosto de nada, de falta, de ausência.
-Ayllane Fulco
Embalar
Ela estava embalada sob o colo da mãe. Protegida de qualquer dano externo. Intacta num mundo de caos. Ali, fragilmente acolhida no leito materno, tudo era calmo e distante, nada era ameaçador.
A mãe, que embalava a criança, poderia ser qualquer uma. Poderia ser você. Ou poderia ser aquela ali, que nem casa tem. Poderia também ser o pai. Ou um irmão. Até mesmo um animal.
Seja quem for. Sob seu colo tinha um ser. Tão sereno, dormindo, distante de qualquer dano, medo e ameaça. De olhos fechados, nada o amedrontava. O mundo não passava dos braços de seu acolhedor.
E o acolhedor, sendo qualquer um, o protegia. Mesmo entre danos, fagulhas e feridas. Ou entre alegrias, amor e dinheiro. Nada importava naquele momento. Apenas seus braços. Apenas o embalar de seus braços. E o que há de importante nisso? Ninguém nunca parou para pensar. E a criança apenas permanecia acalentada em seu colo, de olhos fechados, intacta e serena.
Sincericídio
Quantas vezes reclamamos da hipocrisia alheia, enchemos o pulmão de ar e berramos "mais sinceridade''! E depois de um tempinho, quando alguém é sincero conosco, o chamamos de grosso, estúpido, sem-noção, entre outros adjetivos. Ora, até onde vai a sinceridade? É feito linha tênue, ficamos bambos nesse meio fio, não sabemos se omitir seria o mesmo de não ser sincero, e se sinceridade seria uma justificação quando se humilha alguém.
Sinceridade, sinceridade, sincericídio! Afinal, o que é sincericídio? É quando falamos a verdade quando não deveríamos tê-la dito. Pergunto então a você, quantas vezes cometeu sincericídio? E como desculpa, usou do argumento de ser uma pessoa "realista", sem papas na língua. Bateu no peito, e se assumiu como uma pessoa corajosa! Que não teme consequências do que fala! Mas... E quando as consequências são sutis? Ou quando se refletem em quem escuta, quando machuca e fere, é sempre necessária?! "A verdade dói, mas sara", será mesmo?! Será que atirar nossas verdades (sim, nossas) aos outros, significa que estamos fazendo algo bom? É claro que mentir não seria uma solução, mas usar de seu descontrole para ferir os outros, com a tola desculpa de ser sincero, o coloca como uma pessoa insensível e imatura.
Diante de uma leitura de Augusto Cury, me deparo com uma frase genial: ''Falar o que vem à mente, dizer sempre a verdade nem sempre é a expressão de um Eu maduro, mas sim de quem não tem controle''. Então, antes de falar suas verdades, sem medir consequências ou impactos, não seja tolo de bater no peito como alguém digno de aplausos! Saiba que é apenas mais um descontrolado, imaturo e insensível com os outros. Deixando claro que, é bom ser sincero, na verdade, é essencial. Mas usar da sinceridade para atingir aos outros, como forma de humilhar e menosprezar, é desprezível.
sábado, 2 de novembro de 2013
Menos amor, por favor!
E o pior de tudo, é quando confirmo que estou certa. Quando vejo o mais novo "amor eterno" da vez e ter que ouvir que também não conseguirá viver sem esse novo amor, como também não conseguia viver sem o outro, o do passado. Incrível como as pessoas conseguem morrer e viver tantas vezes numa só vida, não?!
Eu peço "menos amor, por favor"! E mais realidade, meu caro!
Um ponto em meio aos quadrados
Eu a vi de longe. Bem distante. Por entre outras pessoas que caminhavam apressadamente. Ela era um ponto em meio aos quadrados. Era cinza em meio ao arco-íris. De longe era ainda menor. Frágil, era o que as pessoas pensavam espontaneamente. Ponto. Franzina. Pequena. Pálida. Menina.
Eu a vi andando ao meu encontro, o ponto criava um pouco de forma e feição. O branco virara branco-gelo. Mas continuava menor que os demais, mais branca que os demais. Franzina, pálida, menina.
Eu a vi parada. Face a face. Deixava de ser abstrata, de ser ponto. Daqui, frente-a-frente, parecia menor. Bochechas coradas. E mesmo com o rosto menina, seu olhar carregava histórias, memórias de quem viveu. De face-a-face era ainda mais diferente, singular entre todas as formas existentes.
Eu a vi indo embora, passou por mim depressa, não se despediu. Continuou no mesmo ritmo, mesmos passos desajeitados, tentando manter o equilíbrio. E voltava a virar cada vez mais um ponto, entre os quadrados. Mais branca, franzina, pálida, menina.
E lá ela se foi, caminhando por entre as formas geométricas.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Surpresa!
É tão complicado ser pega de surpresa. É tão surpreender estar numa situação complicada. É quando toda a minha segurança cai diante da minha face. Simplesmente a boca se cala, não sai nenhum ruído. E quando me pressiono a falar algo, tudo sai sem nexo, aparentemente. Palavras soltas, descosturadas. Silêncio! tento falar para mim mesma, minha mente está em plena confusão. Fala alguma coisa! É o que me aconselho, em vão. Todo o barulho da minha mente impede que as palavras sejam ditas claramente, a alto e bom som. Por quê? Porque simplesmente não sei o que falar! E o que se fala quando não se sabe o que dizer e o que se quer?! É neste exato momento em que me pego despreparada, logo eu! Sim, eu! Eu que ando cheia de artimanhas! Fico sem nenhuma, despida de qualquer estratégia ou disfarce. Só um corpo com uma mente barulhenta. Só uma boca trêmula. Com palavras sem sentido algum.
Pés andarilhos
Tudo depende de como você encara as circunstâncias. Ou você amadurece, ou regride, se recolhe. Tudo depende de você, e não da outra pessoa. Depende de como e por onde você vai andar, nada de círculos! Eles são viciantes e quando você pensa que está se afastando, volta pro início de tudo. Se não é em círculos, então, por onde andar? Ande desregularmente, saltitante, por entre curvas, se contorcendo pelos estreitos das ruas, pulando muros que estiverem o impedindo de ir adiante. Porque o importante é andar! Mas caminhar de verdade, e não em fingimento (círculos). E se a memória lhe atingir o âmago, não relute e nem a ignore. Olhe de frente para ela, encare a feição de seu rosto, de perto. E verá que não é como imaginava. Não é tão triste, nem tão culposa e nem tão ameaçadora assim. É só uma memória, é só um passado. É só um circulo que se despede de seus pés andarilhos.
Apenas
Sabe qual é o meu segredo? Transformar sentimentos em arte! Lembranças ternas em poesia, tristeza em versos! É como se passasse da mente pro papel, e aí nestes versos, ficam registrados as verossimilhanças. Tão intenso em seus sentimentos prematuros, fixos numa folha, que mesmo com o passar do tempo, dos sentimentos e da idade, eles continuarão intactos ao ler. As cenas serão descritas e figuradas em minha mente, igual ao momento em que havia escrito. E esse será o filme da minha vida, tão subjetivo, passando cada sentimento em lírica por minhas íris. Apenas minhas memórias. Apenas meus papéis. Em meus olhos. Apenas.
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