Sabe quando algo desconhecido te atinge por dentro? Como um
resfriado que chega sem avisar, que transpassa no ar, invisível. Pois bem,
nesse instante um sopro de sentimento anônimo me atingiu em cheio, enquanto
apenas andava por aí. O sopro foi inspirado e se instalou em meu peito, se
alojou no espaço empoeirado que só fez espalhar mais poeira. Dimanam por meus
olhos e escorrem por minha face: o sopro misturado com poeira. Reconheço a
causa da tragédia, mas desconheço o motivo. No entanto, presumo que a poeira se
fez por longos anos em carne viva, até quase entupir as veias coronárias. E no
peito a poeira se multiplica e se aglomera, calcifica. O sangue já não é tão
vermelho, tem a cor estranha, “fubenta” pelo tom cinza do pó. Mas está dentro
da veia e camuflado pela pele alva. E por fora é tudo normal, quase não parece
um pré-infarto.
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