terça-feira, 21 de agosto de 2018

Cá estou

No fim das contas, nunca abandonei por completo a mania de escrever. Sumo por dias, semanas, meses, mas volto. Como cá estou, jogando palavras ao vento sem pretensão de serem lidas. Talvez seja um ritual que persiste por muitos anos, afinal, deu-se início aos 12 anos de idade, ainda tentando compreender a diferença da sonoridade do T e D. Por vezes retorno a me ler, a rever meus pensamentos, as ideias sem nexo, as opiniões que desfiz, aos esdrúxulos erros de português que até hoje tenho preguiça de corrigir, e aos meus próprios desencontros. Noto todos os contornos, linhas, expressões que expus, sempre com bastante intensidade, de quem segura o lápis em folha com tamanha força que quebra a ponta. Pois nos textos remei até à extremidade da minha alma, imersa num mundo abstrato, interior, alheia aos olhares de terceiros e ao mundo concreto. Escrevo, como alguém que está prestes a cair pela janela, segurando-se no rodapé, momento efêmero em que finjo ser escritora e não mais uma pessoa de vida medíocre, cotidiana, metódica.

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