Era apenas uma garota que sabia que iria morrer jovem. Não, ela não tinha nenhuma doença que a
coloca-se em risco. Mas ela sabia. Como? Bem, não sei, e isso nem ela sabia ao
certo. Não é que ela aceitasse a morte, também não a repudiava. Ora parecia até
uma amiga, outrora um fantasma negro. Mas que coitadinha desta garota, é o que
qualquer pessoa pensaria. Mas ela não, ela estava decidida a sentar-se e
esperar por essa fase da vida, ou melhor, a face da morte. Na verdade, ela
nunca cogitou ou pensou a respeito, ela simplesmente sentia que iria acontecer,
e que não poderia fazer nada a respeito, a não ser aceitá-la. Assim como se
aceita um presente caro ou um fardo pesado demais. Era preciso, isso era o que
ela pensava, mesmo sentindo um pouco de contragosto na língua. E se havia algo em
que ela não conseguia pensar, era em futuro, tudo o que vinha em sua mente era branquidão,
e isso lhe dava mais certeza de sua vida passageira. Tudo o que a alegrava
vinha com um pouco de melancolia, uma tristeza sutil e intensa que ela não
conseguia explicar o porquê a si mesmo. Todos os que ela amava, tentava se
afastar deles, não querendo traçar laços íntimos e planos quaisquer... Ninguém nunca
a entendeu, nem entenderiam. Se ela era triste? Talvez, mas nunca soube. Feliz? Bem, tinha momentos em que ria alto em conjunto. Podia usar a maquiagem que
fosse, mas sua expressão era de abatimento, seus olhos eram fúnebres e todos a
perguntavam “o que foi? Você está bem?” e com um riso torto em seus lábios, balançava
a cabeça de leve e respondia “sim”. Essa é uma garota estranha, é o que diziam
os que haviam acabado de conhecê-la, não sabendo ao certo o motivo, mas sabiam
que ela era diferente, não parecia um ser comum. Era uma garota calada, tímida,
falava apenas quando sentia necessidade de responder alguma pergunta a seu contragosto.
Não gostava de pessoas superficiais e sabia que todas eram. As pessoas a
cansavam demasiadamente, pareciam corpos estranhos que ativavam seu sistema
imunológico, dando-lhe um sinal de fuga...
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