O mundo estava um borrão colorido. Um lindo borrão de luzes. As
linhas em paralelo se cruzavam e se perdiam entre si. As marcas e as
assimetrias nos rostos alheios simplesmente desapareciam com o desfoco da
pupila. Os óculos estavam guardados na bolsa, por quê? Por que eu queria ver o
mundo sob uma nova perspectiva, menos material. Uma verdade em que construo por
outras percepções melhores do que a visão. O mundo agora em parte era o que eu
conseguia enxergar, e por outra, o que eu podia imaginar ser. As pessoas nunca
me foram tão misteriosamente encantadoras. Eram corpos que se balançavam em
perfeita harmonia com as cores e sons, como num quadro abstrato. E essa era a
pintura que só eu podia enxergar.
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