Eu comecei com a regra do recíproco, mas vi que a vida não
deve ser sempre assim. Quanto amor eu dava, tanto amor esperava receber. Até
que meu namorado entrou no embalo. O problema foi quando nos desentendemos, o
que é normal em qualquer relacionamento. E o que fiz de errado, dei espaço para
que a lei da reciprocidade fosse aplicada, ou seja, o mesmo erro ele poderia
fazer sem culpa. E qual seria a próxima reação? Seria um jogo infinito de
farpas. Ambos armados de forma igualitária, não haveria injustiças no amor. Mas
qual amor se sustenta com farpas? A reciprocidade como um tiro pela culatra.
Não precisou que o episódio se repetisse para que eu percebesse que a lei da
reciprocidade não sustenta o amor. Mais do que entregar o que recebemos, é
preciso fazer o melhor do que nos é dado. Nada por igual. Sem bate-e-volta. Sem
munições. Sei que tenho muitas falhas, farpas e um jeito por vezes marrento, de
antemão, já te peço desculpas, mas também peço que não me trate de forma igualitária,
recíproca, principalmente quando errar. Quando fazemos o bem a alguém, mesmo
que este não mereça, o bem retorna de alguma forma, infinitamente maior. É que
o amor tem que ser altruísta, sem que se perca o amor próprio.
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