quinta-feira, 9 de julho de 2015

Logo após o "boa noite"

Você a essa hora já foi dormir e ficou um vazio aqui. É que minhas horas já estão acostumadas a sua companhia. Tá, não é que eu dependa de você ou que me sinta um ser incompleto, mas é que você já virou parte da minha rotina. E pra dizer a verdade, com você qualquer rotina é bem vinda.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Eu te ofereço...

Eu te ofereço meu primeiro e último pensamento do dia. Eu te ofereço meu primeiro bom dia, acompanhado por um nome carinho. Eu te ofereço minhas mais sinceras palavras escritas em prosa e poesia. Eu te ofereço todos os traços e rabiscos à lápis no papel. Eu te ofereço as notas mais desafinadas do meu violão velho.  Eu te ofereço meu livro favorito “o morro dos ventos uivantes”. Eu te ofereço todos os tons de aquarela. Eu te ofereço as minhas melhores tentativas. Também te ofereço meu ombro amigo, meu olhar cúmplice. Eu te ofereço o que há de mais belo e mais simples na vida. Eu te ofereço o que houver de novo, e o de velho. Eu te ofereço um coração cansado, mas que não perde a esperança. Eu te ofereço o que fui, o que sou e o que serei.

Espero carinhosamente que aceite, mas não tenha pressa, é que o amor chega de mansinho quando menos se espera.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Lei da reciprocidade

Eu comecei com a regra do recíproco, mas vi que a vida não deve ser sempre assim. Quanto amor eu dava, tanto amor esperava receber. Até que meu namorado entrou no embalo. O problema foi quando nos desentendemos, o que é normal em qualquer relacionamento. E o que fiz de errado, dei espaço para que a lei da reciprocidade fosse aplicada, ou seja, o mesmo erro ele poderia fazer sem culpa. E qual seria a próxima reação? Seria um jogo infinito de farpas. Ambos armados de forma igualitária, não haveria injustiças no amor. Mas qual amor se sustenta com farpas? A reciprocidade como um tiro pela culatra. Não precisou que o episódio se repetisse para que eu percebesse que a lei da reciprocidade não sustenta o amor. Mais do que entregar o que recebemos, é preciso fazer o melhor do que nos é dado. Nada por igual. Sem bate-e-volta. Sem munições. Sei que tenho muitas falhas, farpas e um jeito por vezes marrento, de antemão, já te peço desculpas, mas também peço que não me trate de forma igualitária, recíproca, principalmente quando errar. Quando fazemos o bem a alguém, mesmo que este não mereça, o bem retorna de alguma forma, infinitamente maior. É que o amor tem que ser altruísta, sem que se perca o amor próprio.

Nossas diferenças

Meu bem, não o quero por nossas semelhanças. Não espero que nossas ideias ou gostos sejam iguais. Eu gosto de ler, você de pescar. Eu gosto de verde e azul, você de vermelho e preto, que combinam com seu time de futebol. Eu não gosto de esporte. Você não lê muitos livros.  Você se entrega aos bons ventos, eu desconfio deles. Eu questiono o porquê existimos, você prefere que nem tudo tenha uma resposta. Eu vou no que é profundo,   você me traz à praticidade. Mas sabe de uma coisa? Respeito-o ainda mais por nossas diferenças, pois pessoas iguais nos deixam estáticos. Então prefiro buscar pela diferença que me torne uma pessoa melhor.

domingo, 5 de julho de 2015

Óculos


O mundo estava um borrão colorido. Um lindo borrão de luzes. As linhas em paralelo se cruzavam e se perdiam entre si. As marcas e as assimetrias nos rostos alheios simplesmente desapareciam com o desfoco da pupila. Os óculos estavam guardados na bolsa, por quê? Por que eu queria ver o mundo sob uma nova perspectiva, menos material. Uma verdade em que construo por outras percepções melhores do que a visão. O mundo agora em parte era o que eu conseguia enxergar, e por outra, o que eu podia imaginar ser. As pessoas nunca me foram tão misteriosamente encantadoras. Eram corpos que se balançavam em perfeita harmonia com as cores e sons, como num quadro abstrato. E essa era a pintura que só eu podia enxergar.