Hoje eu só queria sumir, entrar em estado nirvana, encher de ar os pulmões que me faltaram. Ou, de praxe,
chutar o pau da barraca e gritar até sangrar a garganta. Também queria te fazer
engolir sua hipocrisia, te pendurar numa cruz de cabeça para baixo, e
cantarolar de forma mais sarcástica “a-de-us-o-tá-rio”. Também queria jogar em
sua cara todas as verdades não ditas. Cuspir os beijos de fel. Arrancar sua
epiglote e fazer churrasquinho do seu coração, afinal, nunca funcionou muito
bem, assim como seu cérebro também não. E de proveito fritar seus olhos, acho
que sofrem de miopia, e nem farão falta, meu caro, já que só enxerga seu
próprio ego. Mas não se assuste, deixarei intacto seu carro. Boa noite.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Sorriso torto
Ele faz o azul ficar celeste,
faz do seu sorriso torto um motivo para o meu. Tem todas as explicações para o
mundo, da física ao copo de leite. E suas teorias? Alastra minha comodidade,
minha zona de conforto. Emana luz do que pensava ser treva. E faz da treva luz. Engenha diversas possibilidades,
num passe de cálculo e mágica. Ele me investiga na forma mais sutil, explora o
que há de forma mais amável. Busca-me em todos os lugares, palavras, cores e
sons. Tem as mais belas palavras na ponta da língua, em quatro idiomas. O meu
preferido é o finlandês. Tem todos os sons e sintonias, em semitons azuis. Faz
de mim um laço num abraço. Restitui a minha alma com toda a calma que me faltava.
E faz do dia, o mais vívido, e da noite a mais poética.
Ayllane Fulco.
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