quinta-feira, 31 de julho de 2014

Adeus Otário


Hoje eu só queria sumir, entrar em estado nirvana, encher de ar os pulmões que me faltaram. Ou, de praxe, chutar o pau da barraca e gritar até sangrar a garganta. Também queria te fazer engolir sua hipocrisia, te pendurar numa cruz de cabeça para baixo, e cantarolar de forma mais sarcástica “a-de-us-o-tá-rio”. Também queria jogar em sua cara todas as verdades não ditas. Cuspir os beijos de fel. Arrancar sua epiglote e fazer churrasquinho do seu coração, afinal, nunca funcionou muito bem, assim como seu cérebro também não. E de proveito fritar seus olhos, acho que sofrem de miopia, e nem farão falta, meu caro, já que só enxerga seu próprio ego. Mas não se assuste, deixarei intacto seu carro. Boa noite.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sorriso torto


Ele faz o azul ficar celeste, faz do seu sorriso torto um motivo para o meu. Tem todas as explicações para o mundo, da física ao copo de leite. E suas teorias? Alastra minha comodidade, minha zona de conforto. Emana luz do que pensava ser treva. E faz da treva luz. Engenha diversas possibilidades, num passe de cálculo e mágica. Ele me investiga na forma mais sutil, explora o que há de forma mais amável. Busca-me em todos os lugares, palavras, cores e sons. Tem as mais belas palavras na ponta da língua, em quatro idiomas. O meu preferido é o finlandês. Tem todos os sons e sintonias, em semitons azuis. Faz de mim um laço num abraço. Restitui a minha alma com toda a calma que me faltava. E faz do dia, o mais vívido, e da noite a mais poética.
Ayllane Fulco.